“Quem não gosta de política é governado por quem gosta”, ensina Regina Sousa

“Quem não gosta de política é governado por quem gosta”, ensina Regina Sousa

Regina aos estudantes: “A elite não admite ver o pobre na Casa Grande. Eles querem que os pobres voltem para a senzala”A senadora Regina Sousa (PT-PI) reservou um tempinho de sua agenda nesta quarta-feira (18) para conversar com alunos do ensino médio do colégio Jardim das Nações, da cidade de Taubaté, interior de São Paulo. Eles pediram uma audiência com a senadora que atendeu de pronto. Interessados nos desdobramentos da política, neste triste momento da democracia brasileira, quiseram ouvir a avaliação da senadora. Regina Sousa foi no ponto central: “A elite não admite ver o pobre na Casa Grande. Eles querem que os pobres voltem para a senzala”, disse ela. 

Regina Sousa mostrou que o governo interino não veio sem um objetivo. O maior exemplo foi a escolha de um grande representante do agronegócio – o senador Blairo Maggi (PP-MT), o maior produtor de soja do País – para ocupar o Ministério da Agricultura, enquanto que o mesmo governo interino decidiu acabar com o Ministério do Desenvolvimento Agrário. 

“Na prática isso representa um retrocesso no empoderamento dos mais pobres”, disse senadora. Outro exemplo foi a extinção de secretarias que tinham status de ministérios, como a de Igualdade Racial, de Direitos Humanos e de Políticas para as Mulheres. 

A ameaça de extinção do Ministério da Cultura é um retrocesso porque ameaça os pontos de cultura, um espaço de política pública  que contribuía para afastar os jovens da criminalidade. Outro retrocesso foi a transferência do Ministério da Previdência para o Ministério da Fazenda,  os aposentados e pensionistas serão vistos não como pessoas, mas como números e estimativas para efeito fiscal (economia de gastos sem preocupação com o social). 

Para explicar o processo de empoderamento dos mais pobres e das mulheres nos governos petistas, Regina Sousa citou o exemplo do Programa Luz para Todos que mudou a vida de muitos brasileiros. Mais de 15 milhões de famílias viviam na escuridão antes do programa ser implantado por Lula. “Vocês sabem o que é uma lamparina? Ao ouvir a negativa dos jovens, ela explicou:  Pois é, só quem viveu isso sabe o que é. Na minha casa só foi ter luz elétrica quando eu já tinha 30 anos”, contou. 

Regina Sousa defendeu o programa Bolsa Família porque garantiu, às famílias, independência nas suas escolhas. Ela lembrou que, ainda criança, trabalhando na roça, o dono da terra entregava aos trabalhadores um papel que era como se fosse dinheiro. E esse papel só podia ser trocado por alimento de péssima qualidade no seu comércio. “O Bolsa Família acabou com isso. Também acabaram os saques que ocorriam nas estradas”, disse. 

Liga Camponesa 

Os alunos quiseram saber como a senadora ingressou na política. Regina contou que foi influenciada por um tio que era da Liga Camponesa e por sentir na pele o que era, de fato, injustiça social. E sua mãe foi a grande incentivadora para que ela estudasse. Aí entrou no sindicato; ajudou a organizar o PT, a CUT, até ser por duas vezes secretária de Administração do governo do Piauí antes de se tornar senadora da República. “O melhor caminho é participar das discussões políticas, começando pelos grêmios das escolas. Quem não gosta de política é governado por quem gosta. A participação é fundamental”, recomendou. 

 

Marcello Antunes

To top