Comunicação pública

Rádio Nacional da Amazônia promove cidadania e identidade

Os convidados lamentaram que, nos 40 anos da rádio, ela esteja praticamente sem sinal
Rádio Nacional da Amazônia promove cidadania e identidade

Foto: Bruna Ramos / EBC

A Rádio Nacional da Amazônia foi homenageada, nesta quarta-feira (27), pelos seus 40 anos, em sessão solene na Câmara dos Deputados. A sessão, que teve o objetivo de destacar o serviço prestado pela emissora aos estados da Amazônia Legal, também serviu de protesto pelo sucateamento da comunicação pública brasileira, já que a Rádio está fora do ar desde março deste ano.  A sessão solene foi solicitada Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão.

Inaugurada em setembro de 1977, a Rádio Nacional alcança cerca de 60 milhões de ouvintes em toda a Amazônia Legal e é o principal meio de comunicação para a população da região.  Mas, desde 20 de março deste ano, a rádio funciona com apenas 5% de sua capacidade, depois que a subestação do parque transmissor da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), responsável pelo sinal, foi atingida por um raio.

Os parlamentares presentes na solenidade ressaltaram que é necessário continuar com os investimentos para que a Rádio possa atender às populações que vivem muito distante das outras mídias, sendo, muitas vezes, o único canal de relacionamento com o restante do país. A Amazônia Legal  é composta pelos estados do Amazonas, Acre, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Roraima e Tocantins.

“Esse governo acha que a comunicação é uma tarefa exclusiva dos setores privados, o que é um equívoco, pois a comunicação privada não atende às necessidades da população”, advertiu a Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que compõe o bloco da oposição ao governo. “A Rádio Nacional da Amazônia, em especial, tem a tarefa de levar a informação a quem vive lá nos rincões mais distantes, a 30 dias de viagens de barco, das sedes dos seus próprios municípios”, avaliou.

[blockquote align=”none” author=”Radialista Mara Régia”]”A Rádio é sua bússola e calendário. Isso é cidadania e construção de uma identidade nacional”[/blockquote]

Para Teresa Cruvinel, primeira diretora-presidente da EBC, responsável por sua implantação e direção nos primeiros anos, a verdadeira questão por trás da atual situação da Rádio Nacional é, o que ela chamou de ‘austericídio’. “Em nome de uma suposta austeridade, esse governo está destruindo tudo que foi construído em prol da comunicação pública. Esse desmonte da EBC é parte disso, pois todos os veículos ligados a ela, estão sendo utilizados apenas como aparelhos de política governamental”, criticou.

Alberto França, representante dos índios Terena, disse que o veículo é muito importante para os povos  indígenas do Amazonas, pois possibilita uma integração entre as comunidades isoladas e os grandes centros. “A Rádio Nacional já faz parte do cotidiano do nosso povo, então, surge não só a voz dos grandes centros, mas é um espaço onde nós também podemos ser ouvidos”, disse  ele.

A radialista Mara Régia já é um símbolo da Rádio Nacional da Amazônia também fez seu depoimento sobre a importância da rádio. Segundo ela, comemorar os 40 anos do veículo, estando este em silêncio, é motivo de protesto: “é muito importante que essas vozes presentes nessa sessão, se unam pela recuperação desse sinal, que é uma questão de cidadania. Acima de tudo, é um direito dessas populações”.

Símbolo da Rádio Nacional da Amazônia, a radialista Mara Régia destacou que comemorar os 40 anos do veículo, estando este em silêncio, é motivo de protesto. “É muito importante que essas vozes presentes nessa sessão se unam pela recuperação desse sinal, que é uma questão de cidadania. Acima de tudo, é um direito dessas populações”, disse ela. A Rádio Nacional da Amazônia é a bússola e o calendário das comunidades amazônicas que precisam da emissora para ter acesso à informação e se comunicar. “Isso é cidadania e construção de uma identidade nacional”, afirmou.

Os convidados também lamentaram que, nos 40 anos da rádio, ela esteja praticamente sem sinal. O diretor de tecnologia da EBC, José de Arimatéia, lembrou a importância do veículo para a questão da segurança nacional e citou o corte no orçamento da EBC em cerca de R$ 108 milhões, como a maior dificuldade no pleno atendimento ao problema da Rádio Nacional da Amazônia. “Mas estamos comprometidos para resgatar o investimento necessário na estrutura já a partir do ano que vem”, disse ele.

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