Direito Trabalhista

Recurso do PT impede avanço de projeto que dificulta contribuição assistencial a sindicatos

Bancada do PT no Senado tenta evitar retrocessos nas regras sobre contribuição assistencial paga aos sindicatos pelos trabalhadores

Alessandro Dantas

Recurso do PT impede avanço de projeto que dificulta contribuição assistencial a sindicatos

No recurso, Jaques Wagner pede debate mais aprofundado do relatório do senador Rogério Marinho (dir.)

Um recurso apresentado pelo líder do Governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), impediu o avanço de mais uma tentativa de ataque aos sindicatos brasileiros. Com isso, o Projeto de Lei (PL) 2830/2019, que coloca os patrões no centro da decisão do empregado se paga ou não a contribuição assistencial aos sindicatos, será apreciado agora no plenário do Senado. Além de Jaques, todos os demais senadores e senadoras do PT também assinam o recurso.

A proposta havia sido aprovada em decisão terminativa no dia 6 de junho na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, o que faria ir direto para a apreciação da Câmara dos Deputados – isso se não houvesse manifestação dos parlamentares. Com isso, senadores e senadoras terão mais tempo para avaliar a matéria.

O imbróglio está em uma emenda ao PL 2830/2019, que trata originalmente de reduzir de 45 para 15 dias o prazo para a execução de dívida trabalhista com decisão transitada em julgado. Relator da matéria, o senador bolsonarista Rogério Marinho (PL-RN), além de ampliar esse prazo para 35 dias, ainda incluiu uma emenda que cria regras para a contribuição assistencial aos sindicatos.

Pelo texto proposto por Marinho, na hora da contratação o empregador deverá informar ao empregado, por escrito, a existência da contribuição assistencial cobrada pelo respectivo sindicato, bem como o valor a ser cobrado e a possibilidade de o trabalhador se opor ao pagamento.

Atualmente, vale decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que permite aos sindicatos cobrarem a contribuição assistencial, desde que autorizados por acordo ou convenção coletiva e garantindo ao trabalhador o direito de se opor ao pagamento.

“No parecer aprovado pelo colegiado [CCJ] foi incluída emenda que extrapola o objeto inicial da proposição e promove modificações significativas na CLT”, começou explicando Wagner no requerimento.

“Importa-nos discutir as mudanças dispõem sobre a organização sindical. Neste sentido, apresentamos este recurso para garantir um debate mais aprofundado, permitindo a participação de todos os parlamentares desta Casa”, finalizou o parlamentar.

Debate em andamento

Na CCJ, os parlamentares do partido votaram contra a matéria. Durante o debate, Jaques Wagner lembrou que o tema já vem sendo tratado por trabalhadores e patrões.

Para o senador, a forma como o tema está sendo tratado no Congresso Nacional é para saber “se queremos matar a organização sindical dos trabalhadores dentro de uma democracia”. “Os atores principais são empresários e empregados. Eles estão sentados negociando para saber como é que vão arbitrar eventuais exageros. […] Nós vamos atropelar os atores para impor a eles o que tem que ser feito. Me perdoem, isso para mim não concorre para a autonomia e liberdade sindical e nem para a democracia”, disse Wagner, à época.

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