Não foi só o consumo. O processo de inclusão e redução das crônicas e profundas desigualdades sociais posto em marcha pelos governos petistas teve impactos em todos os aspectos da vida dos brasileiros, especialmente entre os 5% mais pobres da população.
Saúde, educação, moradia, acesso à água, energia elétrica e saneamento básico, ampliação do tempo livre a partir do acesso a eletrodomésticos: é amplo o leque de indicadores de qualidade de vida que tiveram melhorias expressivas ao longo dos 13 anos de governos petistas, como aponta o estudo “Faces da Desigualdade no Brasil – um olhar sobre os que ficaram para trás, coordenado pela ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome durante o governo da presidente Dilma Rousseff, que será lançado nacionalmente nesta sexta-feira (15).
Além de Gini
Embora continue a ser um dos países mais desiguais do mundo, o Brasil vivenciou, durante os governos petistas, “uma inédita e sistemática queda da desigualdade”, afirma Campello. O estudo coordenado por ela demonstra mudanças sensíveis em situações de desigualdade dadas como irreversíveis. Um dos objetivos do trabalho, explica a ex-ministra, é “impactar o senso comum que naturaliza a pobreza e a desigualdade e que acaba por imobilizar e desmobilizar parte da sociedade na luta por direitos”.
O estudo coordenado por Campello oferece múltiplos ângulos de contemplação de um quadro já patente à luz do índice mais utilizado para mensurar a desigualdade de distribuição de renda, o chamado Coeficiente de Gini, que no Brasil de 2002 era de 0,569 e caiu para 0,491 em 2015, período considerado no trabalho desenvolvido pela ex-ministra (quanto mais próximo de zero, menos desigual é a distribuição de renda, segundo esse índice).
O estudo “Faces da Desigualdade no Brasil” analisa os dados referentes a dois recortes populacionais: os 5% e os 20% mais pobres, comparados ao universo da população, a partir dos números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios.
Veja alguns desses índices:
– Em 2002, somente 10,7% dos jovens pertencentes ao contingente dos 5% mais pobres conseguiam chegar ao ensino médio na idade certa. Em 2015, esse percentual havia saltado para 39%.
– Entre os 5% mais pobres da população, o número de jovens entre 15 e 17 anos que estavam no ensino médio ou posterior era quatro vezes maior em 2015, em relação a 2002.
– No período de 2002 a 2015, o acesso ao ensino superior, incluindo mestrado e doutorado, foi ampliado para toda a sociedade. Para a população em geral, esse acesso quase dobrou, Para os 20% mais pobres, foi multiplicado 23 vezes.
– Em 2002, o acesso à água de qualidade chegava a quase 90% do total da população brasileira, mas menos da metade (49,6%) dos 5% mais pobres tinham garantia de acesso à água de qualidade. Em 2015, o percentual entre os 5% mais pobres progrediu para 76%.
– O acesso ao escoamento sanitário mais do que dobrou entre os 5% mais pobres entre 2002 e 2015 (de 23,9% para 51,1%).
– Em 2002, apenas 3,3% dos brasileiros não tinham acesso a energia elétrica, proporção que caiu para apenas 0,3% em 2015. Entre os 5% mais pobres, eram 19% sem energia elétrica em 2002 e apenas 1,4% em 2015.
– O número de famílias em domicílios precários baixou para 7,5%. Em 2002, 96,8 % da população brasileira residiam em domicílios com paredes revestidas de alvenaria ou madeira aparelhada. Entre os 5% mais pobres, esse percentual era de 83,9%. Em 2015, o percentual de brasileiros que haviam superado a moradia precária era de 98,7% e na faixa dos 5% mais pobres era de 92,5%.