Reforma política é uma pauta que o Congresso não pode terceirizar, diz Viana

Viana: democracia representativa no Brasil hoje está sem prestígioO Congresso precisa fazer o “dever de casa”, construir um consenso e aprovar uma reforma que aperfeiçoe o sistema político e o regramento eleitoral brasileiro. “Essa é a pauta que não podemos terceirizar”, alerta o senador Jorge Viana, que nesta quarta-feira (23) assume a presidência da comissão especial do Senado que vai analisar as matérias referentes à reforma política. “Essa não é uma responsabilidade do Executivo nem do Judiciário. Não é um tema fácil, mas é uma responsabilidade do Parlamento”, afirmou ele, em pronunciamento ao plenário, pouco antes de tomar posse à frente do novo colegiado.

Para Viana, a retomada do protagonismo do Congresso no debate e nas decisões dessa agenda passa pela superação do desencontro de opiniões dentro do Congresso. O resultado inação, além do forte descontentamento popular com os partidos e a representação política, é a permanente judicialização de questões que o Parlamento tem a obrigação de tratar.

O senador reconhece que a missão é difícil, mas a comissão especial terá que construir uma metodologia de trabalho que permita a formulação de uma proposta que possa responder aos reclames da sociedade. Ele lembrou os protestos de rua de junho de 2013, que reuniram milhões de pessoas. Para Viana, uma análise sincera desses movimentos deve reconhecer que um dos principais alvos do descontentamento era exatamente “esses arranjos eleitorais que nós temos no Brasil”. Viana lamenta que, passados dois anos, o Congresso não tenha conseguido dar uma resposta concreta àquela mobilização.

A consequência dessa incapacidade, alerta o senador, é muito clara para ser ignorada: “A democracia representativa no Brasil hoje está sem prestígio. Nós falamos que a presidente Dilma tem uma baixa popularidade, mas nós esquecemos que pior avaliado ainda está o Congresso Nacional”, destacou Viana. Para ele, é possível garantir alguns pontos essenciais para a reforma política: “Acabar com o abuso de poder econômico em eleição, fortalecer os partidos políticos, valorizar os mandatos, dar mais transparência à atividade que recebemos das urnas e, com isso, resgatarmos o respeito da sociedade conosco”, defendeu.

Cyntia Campos

 

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