Lido o relatório do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) recomendando a abertura de processo por corrupção passiva e obstrução de justiça contra Michel Temer, não é possível fingir que o País atravessa um momento de normalidade e que o Senado possa votar, a toque de caixa, uma reforma trabalhista que vai alterar radicalmente as relações entre capital e trabalho. “Espero que este Senado tenha o juízo de suspender a tramitação dessa criminosa reforma trabalhista”, alerta o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ).
A reforma trabalhista, ressalta ele, é o carro chefe das manobras que tentam salvar um governo que já não existe mais. É a entrega dos direitos dos trabalhadores para mostrar ao mercado que Temer ainda governa e consegue aprovar as medidas exigidas pelo grande capital. Na outra ponta, o uso da máquina. No dia 6 de julho, o governo remanejou R$396 milhões do Orçamento. “Retirou esses recursos de vários ministérios, dirigindo-os para emendas parlamentares, para satisfazer parlamentares”, denuncia o líder petista.
A votação da reforma trabalhista está marcada para as 11 horas da manhã desta terça-feira no plenário do Senado. Os governistas defendem que o texto seja votado exatamente como veio da Câmara para que possa ser imediatamente sancionado por Temer. O Senado, Casa revisora, abriria mão de sua prerrogativa e deixaria para o atual ocupante do Planalto vetar os pontos que até o mais convicto apoiador da reforma reconhece como absurdos—a legalização do trabalho intermitente, a permissão para que gestantes trabalhem em ambientes insalubres, entre outros.
“O Governo está utilizando toda sua máquina para tentar salvar sua pele. Estão dando R$10 bilhões de anistia a ruralistas, que devem à Previdência Social. No momento em que apertam os mais pobres, eles fazem essa negociata”.
Lindbergh enfatiza a irresponsabilidade de desmontar toda uma legislação de proteção ao trabalho em nome da salvação de um governo que já acabou e não tem mais rumo. “O rumo é a destruição do Estado nacional e do Estado de bem-estar social, é a retirada de direitos. Eles não estão preocupados com o povo, estão querendo falar para o tal do mercado, para passar segurança ao mercado”.