Regina pede olhar apurado sobre questões ligadas ao racismo no BrasilA senadora Regina Sousa disse, em discurso ao plenário, nesta quinta-feira (19), que não entende por que uma suposta movimentação montou barracas há mais de 30 dias em frente ao Congresso Nacional, intimidando todos os outros movimentos sociais que tentam se aproximar e causando tumultos. Para a senadora, é importante descobrir a motivação dos campistas. ”Se o que os motiva é o impeachment, então deveriam estar andando”, disse a senadora.
Para ela, montar barracas é muito simples. Enquanto isso, outros grupos, como os índios, por exemplo, têm grandes dificuldades para entrar na Casa. Foi assim também com as mulheres negras, que enfrentaram a resistência dos grupos pró-impeachment e até tiros.
“Há dois pesos e duas medidas nessa questão aqui; se isso aqui é a Casa do Povo, é de todos e não de um grupo que montou barracas e ocupou o espaço”, disse.
Cabelo de negra
A senadora aproveitou para falar de dados apresentados em audiência pública com representantes de mulheres negras que chocaram os presentes. Elas falaram de dificuldades, por exemplo, de parturientes. Disseram que a mortalidade neonatal entre as negras aumentou e não há qualquer estudo para justificar esse índice.
“A mortalidade neonatal no Brasil caiu, mas quando se faz o recorte de cor, o índice de mortes de parturientes negras aumentou e não se sabe a razão para isso”, disse a parlamentar, que pediu a atenção do Ministério da Saúde para o problema. Ela acredita que a razão para isso seja o racismo institucional. “Eu ouvi relatos de mulheres e meninas que contam terem sido mal recebidas já na recepção e maltratadas na sala de parto, então, é preciso que se lance um olhar sobre isso”, apelou.
A mesma lógica se repete, de acordo com Regina, quando se observam os dados de violência. “As mulheres brancas estão morrendo menos e isso é maravilhoso, mas não é assim com as negras”, denunciou.
A senadora também falou do racismo velado. “Isso acontece o tempo todo e eu posso dar meu depoimento pessoal, porque quando me tornei senadora, recebi o cartão de uma pessoa para que eu ‘desse um jeito’ no meu cabelo. Eu respondi que meu cabelo já estava no jeito, que esse é meu cabelo de negra”, falou.
Regina disse que o racismo no Brasil saiu do subterrâneo graças a luta dos negros para serem vistos. “A gente precisa pautar essas temáticas e tratá-las com a atenção que elas merecem”, disse.
Giselle Chassot
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