Foto: Agência SenadoCyntia Campos
16 de novembro | 18:15
O Bolsa Família está sob ataque. Criado no governo Lula, o programa já beneficiou mais de 47 milhões de brasileiros e brasileiras — os cidadãos mais pobres e desassistidos — e fez do Brasil um dos países que mais avançaram na construção de políticas públicas dedicadas ao combate à pobreza. A parcela mais arcaica da elite nacional, porém, não consegue conviver com esse instrumento, uma alavanca inicial para dar autonomia aos excluídos, denuncia a senadora Regina Sousa (PT-PI).
Em pronunciamento ao plenário nesta quarta-feira, Regina rebateu a mais recente investida contra o Bolsa Família, o editorial do jornal O Estado de S. Paulo — “um infeliz editorial”, como ela definiu” — publicado no feriado da República (15). O único objetivo do texto, alertou a senadora, é dar à gestão Temer pretextos para acabar com o programa. “Mais uma vez, a mídia trabalha a favor dos ricos”.
A senadora citou o trabalho da jornalista Letícia Bartholo, que desconstrói ponto por ponto as a série de inverdades contidas no editorial do Estadão. O jornal paulista sugere que o programa seria um festival de fraudes, omitindo que desde a criação do Bolsa Família há cruzamento de dados dos beneficiários, como forma de combater irregularidades.
Desde 2003, cerca de três milhões de famílias foram excluídas do programa com base nesses controles, sobretudo por estarem fora do perfil de acesso ao programa e terem renda acima do limite de R$154 mensais por pessoa. “Essas famílias foram identificadas nos processos de monitoramento e controle realizados rotineiramente pelo Ministério do Desenvolvimento Social”, narrou Regina.
Outras três milhões de famílias saíram voluntariamente do programa, o que atesta outra mentira do Estadão, segundo o qual o Bolsa Família seria incapaz de criar oportunidades de autonomia para as famílias pobres. Dos 22 milhões de brasileiros que superaram a pobreza extrema nos últimos quatro anos, 12 milhões são mulheres, e são mulheres que em algum momento foram beneficiárias do Bolsa Família e que hoje conseguem sustentar a família sozinhas, donas de seus próprios negócios.
“Para o Estadão, o Bolsa Família não auxilia a independência dos mais pobres – ponto. Não importa para eles o fato extremamente importante de que várias famílias conseguiram colocar comida na mesa para alimentar seus filhos e filhas, pois, se o Estado de São Paulo não sabe, crianças precisam comer para aprender”.