Regina Sousa: Congresso discrimina movimentos sociaisEnquanto lobistas de terno e gravata circulam livremente pelos corredores do Congresso Nacional, representantes dos movimentos sociais são barrados mesmo quando são convidados a participar de audiências públicas. A denúncia foi feita nesta quinta-feira (13), em pronunciamento da senadora Regina Sousa. Ela reclamou que índios, pedreiros e até as mulheres que participavam nesta quarta-feira (12) da Marcha das Margaridas foram impedidas de entrar pela segurança do Senado Federal.
“A gente sente dois pesos e duas medidas, porque anteontem ( a gente não conseguia andar nem na Câmara nem no Senado de tanta gente, de tantos advogados, auditores. E a gente percebeu que houve uma facilitação na entrada deles. E a gente fica perguntando: Será que é porque usam terno e gravata?”, criticou, lembrando que o Congresso é a Casa do Povo e apelando para que a entrada de representantes de movimentos sociais que participem de audiências públicas ou sessões especiais na Casa tenham sua entrada facilitada.
Ainda sobre a Marcha, a senadora fez questão de elogiar a iniciativa e a disposição de mulheres que chegaram a passar 48 horas dentro de ônibus para chegar a Brasília e “fazer ouvir sua voz”. “Elas deixaram a sua pauta, os seus recados contra a discriminação, contra a homofobia, contra a violência, contra o racismo e, sobretudo, em defesa da democracia”, disse.
A senadora lembrou Margarida Alves, que inspira o movimento. Ela foi assassinada pelos senhores de engenho da Paraíba há 32 anos. “Eu creio que ele deva ter se arrependido, porque depois da morte dela, ela virou semente e se multiplicaram muitas margaridas neste País todo, em todos os Estados”, afirmou., lembrando que a cada ano a marcha fica maior e o movimento se multiplica.
Pauta feminina em evidência
Regina Sousa acredita que o maior exemplo do avanço das lutas das mulheres e que mais deu visibilidade à violência contra a mulher foi a Lei Maria da Penha. “Mas temos uma pauta feminina a manter em evidência; não basta só a lei, tem que fazer cumprir a Lei”.
Ela lembrou que muitas das leis que asseguram direitos das mulheres são simplesmente ignoradas. Entre elas, a que determina a presença de acompanhante à parturiente.
A regra que determina que a mãe pode registrar seu bebê também é pouco aplicada, até por desconhecimento das cidadãs de comunidades pequenas e distantes. “Então, por isso, ainda temos um índice muito grande de crianças sem registro de nascimento”, suspeita a senadora.
Ela defendeu a votação de um item francamente feminino da reforma política: o que estabelece cota mínima de mulheres nos parlamentos brasileiros. Cota não é política de atraso; é instrumento de promoção de igualdade, onde há desigualdade”, defendeu.
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