Regina: ação da Polícia Federal me apavora. Invadir um sindicato é um ato de autoritarismo, que é o caminho trilhado pela ditadura nos anos 60Em comunicação inadiável nesta quinta-feira (20), a senadora Regina Sousa (PT-PI) mostrou preocupação com a crescente onda de autoritarismo que toma conta da sociedade brasileira e, em especial, em seu estado, o Piauí. Ela repudiou a forma e os motivos pelos quais a Polícia Federal invadiu o sindicato dos comerciários local para interrogar funcionários e filiados. A motivação do ato foi a publicação dos nomes de parlamentares do Estado que votaram a favor do impeachment de Dilma.
“Qual o problema de o sindicato, com seu dinheiro, publicar em seu jornal as pessoas que ele considera non gratae por conta do impeachment. O outro lado, o Vem Pra Rua, fez a mesma coisa, colocou minha foto e de outros senadores num outdoor, e a PF não fez nada”, afirmou.
Regina disse que ao longo de sua vida presenciou, com tristeza, os momentos que antecederam a ditadura militar, um dos períodos mais degradantes da sociedade. “Essa ação da PF me apavora, indo interrogar pessoas num sindicato de trabalhadores. Acho que é de um autoritarismo, que é o caminho que a ditadura trilho nos anos 60”, observou. “Está faltando serviço para a Polícia Federal? Não acredito, mas repudio essa ação”, acrescentou.
Privatização/desmonte
Regina Sousa também criticou como o governo usurpador de Michel Temer tem pressa para desmontar o Estado. Ela citou, como exemplo, a aprovação à toque de caixa, pelo Senado, da medida provisória 735, que abre o caminho para desmontar a Eletrobrás. O objetivo é claro: privatizar a empresa como os tucanos faziam, vender na bacia das almas e aceitar como pagamento moedas podres.
“Nos anos 90 era sindicalista, e a privatização era a salvação da lavoura. Privatizou-se tudo o que havia de bom nesse País e ninguém viu, até hoje, onde foi aplicado o dinheiro. O maior exemplo que a gente tem aí é a OI, que está quebrada. A Oi é o resultado da privatização das teles, que eram o filé deste País”, afirmou.
Malvadeza
Para a senadora, o programa do governo golpista não seria eleito em lugar algum do planeta. Os ataques se dão em várias frentes. Uma delas é a área da Educação. Reduzir em 78% as vagas da Universidade Aberta é um acinte. “Que história é essa de que não há desmonte”, indaga.
Outro ataque do governo golpista é dirigido contra as cotas para o aluno negro nas universidades. “Não tenho dúvida que vão acabar com o Enem e parece que há um propósito desse governo de extinguir todas as marcas inclusivas dos governos Lula e Dilma”, disse ela.
Quando Regina Sousa ouve a defesa de que também é necessário retirar matérias como filosofia e história do currículo, por meio de uma medida provisória, a toque de caixa igual à da privatização da Eletrobrás, alguma coisa tem de muito errado na sociedade e dentro do governo golpista, como se existisse uma ditadura branca em implantação.
“O menino que nunca estudou história não saberá o que foi a ditadura militar. Se retirar a filosofia, como ele aprenderá a pensar? O mote desse governo é que o aluno não precisa pensar, outros vão pensar por ele”, destacou. A formação de uma sociedade justa, fraterna e inclusiva não é a sociedade que é desenhada pelo governo usurpador.
Marcello Antunes