O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não conseguiu se adaptar às novas tecnologias e conter a onda de fake news disseminadas pelas redes sociais. Essas mentiras, largamente compartilhadas, acabaram se transformando em verdades no imaginário popular e influenciam o voto dos brasileiros. A constatação é da senadora Regina Sousa (PT-PI).
Em pronunciamento ao plenário nesta terça-feira (16), a parlamentar lamentou a morosidade do Tribunal em conter os abusos. Exemplo evidente é a decisão de só agora ter anunciado a decisão de que devem ser retiradas das redes as postagens que vinculam Fernando Haddad à distribuição de um fantasioso e absurdo “kit-gay”.
“Não adianta mandar tirar uma mentira depois que milhões já compartilharam. Não adianta mais”, lamentou. Para Regina, a comissão criada pelo TSE para conter a propagação de mentiras durante o período eleitoral simplesmente fracassou. “Fizeram uma comissão que anda num ritmo de antigamente, com processos, sessões, apartes. E a mentira anda em ritmo de supersônico, até mais, porque em segundos, milhões de pessoas compartilham essa mentira”, disse.
Guerrilha
Como se a lentidão de quem deveria controlar o processo não fosse suficiente, o que deveria ser um meio de comunicação transformou-se em território livre para propagação de todo tipo de desinformação e mentira deliberada. “Acho que as redes sociais, principalmente o WhatsApp, deixaram de ser um instrumento de comunicação e viraram uma arma, um instrumento de guerrilha”, afirmou.
Em consequência, criou-se um clima de violência no País que está muito perigoso, acredita. “É muito perigoso o que está acontecendo, porque foi montada uma rede muito poderosa. Eu acho que chocaram o ovo da serpente e agora não sabem o que fazer com a serpente que nasceu. Este País está cheio de pit bulls que estavam contidos e que agora estão soltos. Ninguém mais contém isso. Qualquer coisa é motivo para agressão. Não é mais agressão só verbal, não é mais agressão só da rede. É chegar a vias de fato”, denunciou.