Relação Brasil-EUA será ampliada com visita de Dilma a Barack Obama

Afinar o diálogo bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos em temas como ciência e tecnologia, inovação, cooperação educacional, comércio, sustentabilidade, energia, cultura e direitos humanos, será o objetivo central das conversas que a presidenta Dilma Rousseff manterá com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em encontro marcado para esta segunda-feira (09/04), na Casa Branca, em Washington.

A viagem de Dilma aos Estados Unidos pode ser considerada como uma cortesia à visita que Obama fez ao País há um ano, quando da posse da primeira mulher presidenta do Brasil, mas a aproximação dos dois países tende a aumentar por causa do interesse mútuo das duas nações. Os Estados Unidos foram o segundo maior parceiro comercial brasileiro no ano passado – o primeiro é a China – cuja participação no comércio exterior foi de 12,4%. Entre 2007 e 2011, o intercâmbio comercial do Brasil com os EUA cresceu 37%, saindo de US$ 44 bilhões para US$ 60 bilhões e só neste ano o comércio já movimentou US$ 9,5 bilhões.

Diante desse potencial mercado que aproxima os dois países, Dilma e Obama vão discutir alternativas para ampliar os 24 mecanismos bilaterais que existem entre o Brasil e os EUA, como o Diálogo de Parceria Global, o Diálogo Econômico e Financeiro e o Diálogo Estratégico sobre energia.

Mas considerando que o Brasil foi a sexta maior fonte de visitantes para os EUA – atrás do Canadá, México, Japão, Reino Unido e Alemanha – e que os norte-americanos foram a segunda maior fonte de visitas para o Brasil – atrás apenas da Argentina -, Dilma e Obama poderão selar o fim da obrigatoriedade de concessão de vistos. Há menos de dois meses, o governo norte-americano anunciou um relaxamento nas exigências para a concessão de vistos a brasileiros que desejam viajar a turismo ou estudar nas universidades locais.

E nessa área especificamente os planos da presidenta Dilma são ambiciosos. O Brasil quer enviar nos próximos anos pelo menos 20 mil estudantes para as universidades norte-americanas a serem distribuídos em 18 áreas de tecnologia, engenharia, biomedicina e biodiversidade. Na área cultural, aguarda-se a assinatura de um acordo entre o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e a Smithsonian Institution para capacitação técnica. Em relação à Rio+20, a presidenta Dilma fará um convite para que Obama participe do evento que acontecerá em junho.

Após o encontro de hoje, os dois líderes farão um comunicado à imprensa. Obama oferecerá um almoço para Dilma e na parte da tarde a presidenta se reunirá com empresários do Grupo Estados Unidos-Brasil, no Eisenhower Executive Office Building. No final da tarde, Dilma participará do seminário Brasil-Estados Unidos: Parceria para o Século 21, na Câmara de Comércio.

Amanhã, em Cambridge (Massachusetts), a presidenta Dilma visitará o Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde manterá encontros com a comunidade acadêmica e científica e a Universidade de Harvard, onde terá encontro com bolsistas brasileiros selecionados pelo programa Ciência sem Fronteiras.

Acompanham a presidenta Dilma aos Estados Unidos, a senadora Marta Suplicy (PT-SP), a ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, o ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp, o presidente da Financiadora de Projetos (Finep), Glauco Arbix, o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva entre outros.

 

Economia Mundial

No encontro com o presidente Barack Obama, Dilma deverá fazer uma análise da recente Cúpula dos países que formam os Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – e que nesse momento da crise financeira mundial figuram como indutores do crescimento, pelo vigor de seus mercados internos.

A receita brasileira é manter o crescimento econômico com a geração de empregos, sem deixar de lado o acompanhamento rigoroso das contas públicas. Apesar de os EUA terem mostrado ligeira melhora da economia, o índice de desemprego é um dos mais altos da história, acima de 10%. E o mercado interno brasileiro, assim como de outros países em desenvolvimento – podem significar uma alternativa para os EUA saírem da crise, embora a presidenta Dilma deva apontar que o governo brasileiro não está disposto a figurar somente como um importador de manufaturados.

Aliás, o pacote de medidas para incentivar a indústria brasileira, anunciado por Dilma na semana passada, reafirma o interesse do Brasil em recuperar a produção de manufaturados, com foco nos investimentos em ciência, tecnologia e inovação.

Marcello Antunes, com informações da Agência Brasil e do Ministério de Relações Exteriores.

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