Relatório da CPMI do Cachoeira será votado na próxima quarta

“Esse relatório não fez vistas grossas a outros eventos suspeitos. Como por exemplo a empresa Delta”, disse Odair Cunha.

Os parlamentares que integram a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira terão até o dia 5 de dezembro para analisar o relatório final do deputado Odair Cunha (PT-MG) com as conclusões sobre as relações do contraventor Carlos Augusto Ramos e órgãos públicos e empresas. O presidente em exercício da CPMI, deputado Paulo Teixeira (PT-SP) anunciou que a próxima reunião dará início ao processo de votação do parecer.

FOTO ODAIR

“Esse relatório não fez vistas grossas a outros eventos suspeitos que poderiam ensejar outras investigações. Como por exemplo a empresa Delta”, disse Odair Cunha. “Analisamos e discorremos sobre todos os fatos e pessoas. Não houve omissões”, assegurou. O relator disse ainda que tudo o que ainda não foi totalmente desvendado sobre as ligações de Cachoeira será trazido à tona. “Não há desinfetante melhor que a luz do sol e eu tenho a certeza de que esta CPMI cumpre a sua função de revelar a verdade”, declarou.

Um resumo com 89 páginas – fora os anexos – foi apresentado pelo relator na reunião desta quarta-feira (28/11). Vários parlamentares pediram a suspensão da leitura, mas o autor do parecer – que contém, na íntegra, mais de cinco mil páginas – fez questão de prosseguir a leitura, mesmo depois que Teixeira anunciou que concederia vistas coletivas ao trabalho.

 

Logo no início da sessão, o relator anunciou que retiraria do texto as referências a jornalistas e ao Procurador-Geral da República feitas em seu parecer e que despertaram a ira de parlamentares de oposição. Ainda assim, nos corredores do Congresso existe a certeza de que a oposição apresentará relatórios em separado, já que alguns setores não aceitam, por exemplo, que as conclusões da CPMI indiquem a responsabilização do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) e a conclusão de que não há nada que vincule o contraventor Cachoeira e o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). Outro ponto de atrito entre o trabalho de Cunha e setores da oposição é o pedido de indiciamento do ex-proprietário da construtora Delta, Fernando Cavendish.

Delta

Logo no início do texto que apresentou na sessão desta quarta-feira, Cunha anuncia que o foco central era desvendar “a intrincada e complexa rede de conexões financeiras e políticas que envolvem a organização criminosa chefiada por Cachoeira”. O parecer também detalha a forma como a construtora Delta estabeleceu uma “sociedade oculta com Carlos Cachoeira, mediatizada pela atuação do Diretor Regional do Centro-Oeste”.  Diz o texto: “Esta Comissão identificou que a empresa promoveu centenas de transações suspeitas, muitas das quais com o grupo  empresarial do Sr. Adir Assad, composto por 19 empresas (em sua maioria com fortes indícios de serem fantasmas)”.

A íntegra do relatório continha, originalmente, oito partes. Duas delas  já foram retiradas do trabalho final, conforme detalhamento abaixo:

– A Parte I é uma descrição formal da atuação da CPMI, com suas diligências, audiências e documentos recebidos e expedidos, bem como as provas produzidas. 

– A Parte II traz os aspectos gerais da organização criminosa chefiada por Carlos Cachoeira, com foco para sua associação com as empresas de construção civil, especialmente a Delta.

– A Parte III é dedicada ao “Financiamento da Organização Criminosa”, com a análise dos sigilos bancários e fiscais das pessoas físicas e jurídicas investigadas pela Comissão.

– As Partes IV e V indicam as vinculações entre o grupo investigado e integrantes de diferentes níveis do Estado Federado Brasileiro, União, Estados, Distrito Federal e  oito municípios, bem como nas três esferas do Poder: Executivo, Legislativo e Judiciário, demonstrando ampla teia de relacionamentos da Organização Criminosa de Carlos Cachoeira e também as implicações com agentes privados.

– As Partes VI e VII, que trataram das relações da Organização Criminosa com pessoas ligadas a veículos de comunicação e sobre a atuação do Procurador Geral da República na Operação Vegas, foram retiradas do relatório “pelos motivos já expostos que, em resumo, significam a ponderação deste Relator após ouvidos os membros desta Comissão, em busca da apresentação de um Relatório que represente o pensamento médio do Colegiado e que viabilize a aprovação deste importante trabalho”. 

– Na Parte VIII, há uma série de sugestões para inclusão na Legislação de medidas que garantam “mais e melhores instrumentos de enfrentamento da criminalidade”.

Giselle Chassot

Confira o resumo lido nesta quarta-feira pelo relator, Odair Cunha:

 

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