Tema da sustentabilidade é uma preparação da Rio+20, evento da ONU
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) escolheu em 2011 a sustentabilidade como tema de seu relatório anual sobre desenvolvimento humano, que divulga o IDH, para ampliar os debates para a Rio+20 – evento que a ONU fará na cidade para discutir as questões ambientais. E, neste quesito, o Brasil foi elogiado. O país é apresentado como destaque na redução do desmatamento e na ampliação do tratamento de esgoto e água. O elevado uso de fontes renováveis de energia também é citado.
As Nações Unidas apontam que o crescimento do país não tem gerado aumento das emissões. Segundo o Pnud, em 2008, o Brasil emitiu 2,1 toneladas de dióxido de carbono per capita. Na China, a emissão foi de 5,2 toneladas per capita e, nos Estados Unidos, esse número foi de 17,3 toneladas per capita.
Embora reconheça que 350 milhões de pessoas – muitas delas muito pobres – vivam em florestas e em suas proximidades, o relatório aponta as cidades como foco principal da questão ambiental. E, mesmo citando que atualmente grandes fontes de poluição – as pessoas que vivem em locais urbanos consomem de 60% a 80% de toda a energia do mundo – as cidades apresentam mais oportunidades para redução dos problemas ambientais.
“Cidades podem fomentar a sustentabilidade especialmente quando o planejamento urbano leva em conta preocupações ambientais”, afirma o relatório, que lembra que as emissões per capita na cidade de Nova York são de apenas 30% da média dos EUA. “O mesmo se aplica ao Rio de Janeiro em relação ao Brasil”, conclui o documento, que cita como exemplos melhores práticas no tratamento de esgoto, no controle de emissão de poluentes e, principalmente, em transporte público.
População da América Latina é mais consciente
Tanto o Brasil como a América Latina são locais de destaque no relatório. Segundo o Pnud, a população destes países é mais consciente dos desafios ambientais. “De acordo com as pesquisas, 94,8% dos entrevistados da região dizem que o aquecimento global representa uma grave ameaça ao meio ambiente, um número expressivo comparado à média global, que é de 67,9%.”, diz o documento.
Suzana Kahn, professora de engenharia de tráfego da Coppe-UFRJ e subsecretária de Economia Verde do Rio, acredita que o debate é útil, embora reconheça que há uma certa banalização da palavra sustentabilidade. Ela lembra que países e populações mais pobres são mais vulneráveis aos problemas ambientais, que devem se intensificar com o aumento da poluição:
– Além de estarem geograficamente mais afetados, pois em geral são países em zonas tropicais, os países mais pobres contam com uma economia mais dependente de recursos naturais e são menos preparados para as intempéries. Basta ver o que ocorre em um país rico que sofre um terremoto e o que ocorre em nações menos desenvolvidas.
Ela diz que já existe uma maior consciência dos problemas ambientais e dos custos econômicos, sociais e de qualidade de vida que eles causarão. Entretanto, as nações não têm avançado de maneira satisfatória:
– Problemas como a crise na Europa e nos EUA atropelam mudanças de longo prazo. Estamos saindo de um mundo de abundância para um mundo de escassez, e isso precisa ser planejado, discutido.
Susan Andrews coordenadora do Instituto Visão Futuro, alerta que os problemas ambientais estão se intensificando, não apenas em áreas remotas mas como nas grandes cidades:
– O desenvolvimento humano precisa necessariamente abraçar uma justiça econômica e social, bem como a sustentabilidade ambiental.
O estudo indica ainda que na África Subsaariana, a região mais pobre do mundo, a redução do IDH pode ser de 12% na mesma comparação. Mas em um cenário de “desastre ambiental”, o IDH global poderia ser até 15% inferior ao cenário sem problemas climáticos.
Fonte: O Globo