Foto: Redes sociais (reprodução)Giselle Chassot 10 de janeiro de 2017/15h43 Foi muito mais que uma declaração desastrada ou ingênua. Muito mais que um “acidente pavoroso” causado por quem não sabe manter suas crenças sob vigilância. Foi incitação de crime. Por isso, o presidente do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), Daniel Souza, decidiu protocolar uma denúncia no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) contra o agora ex-secretário nacional da Juventude do governo sem voto, Bruno Júlio. Para o ex-secretário da Juventude durante o governo Dilma Rousseff Jefferson Lima a ação do Conjuve é essencial: “Demitir só não basta”, disse. Bruno Júlio perdeu o cargo na última sexta-feira (6), depois que suas declarações à coluna do jornalista Ilimar Franco, de O Globo, foram divulgadas. O ex-secretário é famoso por suas atitudes agressivas. Bruno errou no tom e, esquecendo que falava com um jornalista defendeu as chacinas em presídios – “deveria haver uma por semana ,declarou – “tinha era que matar mais”, prosseguiu. Ele se referia ao massacre na penitenciária Anísio Jobim, em Manaus onde morreram 56 pessoas. “Eu sou filho de polícia, né?” justificou Bruno Júlio, com se isso explicasse sua postura completamente contrária ao que se espera de um secretário de governo. A Secretaria que ficava sob a responsabilidade do rapaz foi criada durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e é diretamente ligada à Presidência da República. Seu objetivo é articular políticas públicas transversais, que envolvam os demais ministérios por onde possam passar ações dirigidas a atender demandas dos brasileiros entre 16 e 27 anos de idade – Trabalho, Cultura, Educação, Desenvolvimento Social, Desenvolvimento Agrário, Ciência e Tecnologia e Justiça. Também está entre suas tarefas estimular e qualificar as camadas mais pobres da população para que elas tenham mais oportunidades de acesso a emprego, renda, cultura e diversão. E, o mais importante: a ideia da secretaria é justamente proteger a população da vulnerabilidade ao crime e à violência. Parece ironia que justamente esse cargo tenha sido ocupado por um “linha-dura”. Para Jefferson Lima, Bruno Júlio afastou-se da figura de gestor e aproximou-se da de um agitador, que estimula o ódio, ataca pessoas e estimula práticas ilícitas”, afirmou Lima, em nota divulgada na sexta-feira. Para Jeferson Lima, a fala irresponsável e criminosa de Bruno Júlio é alinhada com perfil de quem defende o extermínio da juventude negra, alinhada com o governo que acabou com o programa Juventude Viva e com a política de direitos humanos. “Essa declaração é uma incitação aos massacres e as chacinas. O secretário Bruno Júlio deverá responder à Justiça por sua apologia aos massacres, chacinas, bem como é urgente e necessário a abertura de um inquérito contra ele, na Comissão de Ética Pública da Presidência da República.”