Crise

Resultados da balança comercial revelam economia estagnada

O superávit de abril, tão celebrado pelo governo, é resultado da queda das importações. Entre os bens de capital, a queda foi de 19%
Resultados da balança comercial revelam economia estagnada

Imagem: Comex

A pompa e o triunfalismo empregados pelo governo Temer para anunciar os resultados comerciais de abril na verdade escondem dados negativos da economia brasileira. “Não há nada a comemorar”, atesta o cientista político Marcelo Zero, assessor da Bancada do PT no Senado, que elaborou um estudo sobre os números registrados no último período.

Os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) apontam que as exportações brasileiras superaram as importações em US$ 6,96 bilhões, neste mês de abril, superávit que teria sido o maior para meses de abril, desde o início da série histórica, em 1989. As exportações somaram US$ 17,68 bilhões no período, o que representa um aumento de 27,8% sobre o mesmo mês de 2016. A média diária de exportações, por sua vez, somou US$ 982 milhões.

Recuo nas exportações
Um olhar atento sobre os números divulgados pelo MDIC revela um quadro preocupante. Houve recuo na quantidade exportada no primeiro quadrimestre de 2017, em relação ao mesmo período de 2016, um recuo de 0,3%. “As exportações só aumentaram em valor. Isto porque os preços internacionais dos produtos brasileiros ficaram, em média, 22,1% maiores. Mesmo assim, as exportações, medidas pelo seu valor, ainda estão abaixo do nível verificado em anos anteriores”, alerta Zero.

A grande “mágica” do superávit comercial deve-se, portanto, a aumentos significativos nos preços de produtos como petróleo (+75%), minério de ferro (+127%), soja em grão (+10,8%), café em grão (+18,9%), açúcar em bruto (+46,1%), semimanufaturados de ferro e aço (+54,6%) e veículos de carga (+6,7), entre outros, levando-se em conta o primeiro quadrimestre de 2016.

Marcelo Zero ressalta que, embora as exportações tenham aumentado, em relação ao mesmo período de 2016, por causa do incremento dos preços internacionais de nossos principais produtos, elas continuam num patamar inferior ao verificado em 2011, 2012, 2013 e 2014.

Sintomas de recessão
Os “superávits recordes”, portanto, não se explicam por um “crescimento explosivo das exportações”, como alardeia o governo, com entusiasmado eco da grande imprensa. O que está ocorrendo, esclarece Marcelo Zero, é uma queda expressiva das importações. E esse é o sintoma preocupante.

“As importações continuam num patamar extremamente baixo — no primeiro quadrimestre de 2017, elas superam apenas o registrado no mesmo período de 2009, ano de grande queda no comércio mundial, e em 2016. “Isso é um indicador de economia em recessão”, alerta Zero. As importações caem porque não há demanda, não há dinheiro e a atividade econômica continua deprimida.

Sem perspectivas
Mais grave é constatar a queda de 19% nas importações de bens de capital– utilizados, basicamente, em investimentos para aumentar a produção—no primeiro quadrimestre de 2017. “Esse é um dado muito ruim, que demonstra que os empresários brasileiros não estão se preparando para uma suposta futura retomada da economia. Isso significa dizer que por mais que o governo trombeteie uma virada no cenário econômico, a propaganda não basta para convencer um setor fundamental para fazer girar adiante a roda da produção.

As exportações, que respondem por apenas cera de 11% do Produto Interno Bruto do Brasil. Sua capacidade de alavancar o crescimento, portanto, é reduzida. “O que pode assegurar uma retomada econômico é a demanda interna, que continua deprimida”, ressalta Zero.

Dinheiro na mão do povo

Recuperar a demanda interna, em português corrente, significa colocar dinheiro na mão do povo — ou, como diz o ex-presidente Lula, “colocar os pobres no orçamento do País”. Essa fórmula simples foi um dos pilares da prosperidade econômica vivida no Brasil nos primeiros 12 anos de governos petistas e é resgatada no primeiro ponto do programa emergencial para a recuperação econômica lançado, no final de abril, pelas lideranças do PT na Câmara e no Senado. Com dinheiro na mão, as pessoas compram mais, o comércio vende mais, a indústria produz mais—e ambos os setores passam a empregar mais.

Entre as medidas propostas pelos petistas para estimular a demanda interna estão o aumento do salário mínimo, o aumento das parcelas do Seguro Desemprego e a antecipação do Abono Salarial de 2016 (com pagamento previsto para 2018), o aumento dos valores pagos pelo Bolsa Família e a ampliação da quantidade de famílias beneficiadas e a retomada do programa Minha Casa, Minha Vida, especialmente na faixa de moradias de menor preço, já que a construção civil é um grande empregador de mão de obra.

A pompa e o triunfalismo empregados pelo governo Temer para anunciar os resultados comerciais de abril na verdade escondem dados negativos da economia brasileira. “Não há nada a comemorar”, atesta o cientista político Marcelo Zero, assessor da Bancada do PT no Senado, que elaborou um estudo sobre os números registrados no último período.

Os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) apontam que as exportações brasileiras superaram as importações em US$ 6,96 bilhões, neste mês de abril, superávit que teria sido o maior para meses de abril, desde o início da série histórica, em 1989. As exportações somaram US$ 17,68 bilhões no período, o que representa um aumento de 27,8% sobre o mesmo mês de 2016. A média diária de exportações, por sua vez, somou US$ 982 milhões.

Recuo nas exportações
Um olhar atento sobre os números divulgados pelo MDIC revela um quadro preocupante. Houve recuo na quantidade exportada no primeiro quadrimestre de 2017, em relação ao mesmo período de 2016, um recuo de 0,3%. “As exportações só aumentaram em valor. Isto porque os preços internacionais dos produtos brasileiros ficaram, em média, 22,1% maiores. Mesmo assim, as exportações, medidas pelo seu valor, ainda estão abaixo do nível verificado em anos anteriores”, alerta Zero.

A grande “mágica” do superávit comercial deve-se, portanto, a aumentos significativos nos preços de produtos como petróleo (+75%), minério de ferro (+127%), soja em grão (+10,8%), café em grão (+18,9%), açúcar em bruto (+46,1%), semimanufaturados de ferro e aço (+54,6%) e veículos de carga (+6,7), entre outros, levando-se em conta o primeiro quadrimestre de 2016.

Marcelo Zero ressalta que, embora as exportações tenham aumentado, em relação ao mesmo período de 2016, por causa do incremento dos preços internacionais de nossos principais produtos, elas continuam num patamar inferior ao verificado em 2011, 2012, 2013 e 2014.

Sintomas de recessão
Os “superávits recordes”, portanto, não se explicam por um “crescimento explosivo das exportações”, como alardeia o governo, com entusiasmado eco da grande imprensa. O que está ocorrendo, esclarece Marcelo Zero, é uma queda expressiva das importações. E esse é o sintoma preocupante.

“As importações continuam num patamar extremamente baixo — no primeiro quadrimestre de 2017, elas superam apenas o registrado no mesmo período de 2009, ano de grande queda no comércio mundial, e em 2016. “Isso é um indicador de economia em recessão”, alerta Zero. As importações caem porque não há demanda, não há dinheiro e a atividade econômica continua deprimida.

Sem perspectivas
Mais grave é constatar a queda de 19% nas importações de bens de capital– utilizados, basicamente, em investimentos para aumentar a produção—no primeiro quadrimestre de 2017. “Esse é um dado muito ruim, que demonstra que os empresários brasileiros não estão se preparando para uma suposta futura retomada da economia. Isso significa dizer que por mais que o governo trombeteie uma virada no cenário econômico, a propaganda não basta para convencer um setor fundamental para fazer girar adiante a roda da produção.

As exportações, que respondem por apenas cera de 11% do Produto Interno Bruto do Brasil. Sua capacidade de alavancar o crescimento, portanto, é reduzida. “O que pode assegurar uma retomada econômico é a demanda interna, que continua deprimida”, ressalta Zero.

Dinheiro na mão do povo

Recuperar a demanda interna, em português corrente, significa colocar dinheiro na mão do povo — ou, como diz o ex-presidente Lula, “colocar os pobres no orçamento do País”. Essa fórmula simples foi um dos pilares da prosperidade econômica vivida no Brasil nos primeiros 12 anos de governos petistas e é resgatada no primeiro ponto do programa emergencial para a recuperação econômica lançado, no final de abril, pelas lideranças do PT na Câmara e no Senado. Com dinheiro na mão, as pessoas compram mais, o comércio vende mais, a indústria produz mais—e ambos os setores passam a empregar mais.

Entre as medidas propostas pelos petistas para estimular a demanda interna estão o aumento do salário mínimo, o aumento das parcelas do Seguro Desemprego e a antecipação do Abono Salarial de 2016 (com pagamento previsto para 2018), o aumento dos valores pagos pelo Bolsa Família e a ampliação da quantidade de famílias beneficiadas e a retomada do programa Minha Casa, Minha Vida, especialmente na faixa de moradias de menor preço, já que a construção civil é um grande empregador de mão de obra.

 

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