Um bom exemplo foi a sequência de decisões que resultaram na quebra de sigilo bancário e fiscal do secretário de Finanças e Planejamento do Partido dos Trabalhadores, João Vaccari, por 12 votos a 11 e a recusa de sequer apreciar o requerimento de convocação dos tesoureiros de todos os partidos beneficiados por doações de campanha de empresas fornecedoras de serviços à Petrobras.
“Não é justo quebrar os sigilos do tesoureiro de um único partido. Se vamos seguir por este caminho, vamos quebrar os sigilos de todos, e quem sabe dos presidentes de partidos também”, defendeu a senadora Vanessa Graziottin (PCdoB-AM). Ela lembrou que se a comissão for se pautar pelo que é publicado pela imprensa, seria preciso considerar as notícias sobre o recebimento de R$ 10 milhões pelo então presidente do PSDB, Sérgio Guerra (já falecido), para interromper uma CPI sobre a Petrobras em 2008.
Vanessa e Wellington Dias (PT-PI) defenderam que a CPMI desse prioridade à votação de um requerimento de convocação de todos os tesoureiros de partidos beneficiados por doações de empresas que prestam serviços à Petrobras, mas a proposta foi rechaçada pelo líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA): “Vamos seguir a ordem [dos requerimentos”, tergiversou o tucano.
“Pois é, na hora de fazer discurso, todo mundo é valente. Na hora de aprovar medidas concretas para a investigação, a coisa muda”, devolveu Wellington. “Não são sérios”, lamentou o senador petista.
Wellinton alertou que se o objetivo da CPMI for realizar uma investigação imparcial, não faz sentido quebrar o sigilo de uma pessoa que sequer foi indiciada na Operação Lava Jato, enquanto há ex-diretores e 24 empreiteiros presos por envolvimento em atividades ilegais. “Se a CPMI quer garantir o cumprimento de sua função, seria importante seguir uma linha objetiva de investigação, até porque nossos trabalhos se encerram, obrigatoriamente, no dia 22 de dezembro [encerramento da Legislatura]”.
O senador petista destacou que, em relação a Vaccari, não há fato concreto que justifique a quebra de sigilo. Ao contrário de uma série de pessoas que prestaram depoimento e foram indiciadas e até presas, Vaccari depôs e sequer foi indiciado. “Vamos ser sinceros aqui. Se [a investigação] é para valer, se é de verdade, se não é só da boca para fora, então vamos aprovar o outro requerimento que está na Mesa [de convocação de todos os tesoureiros]”.
A reunião administrativa da CPMI da Petrobras foi convocada para a votação de uma extensa pauta (411 itens), composta de requerimentos de convocações e convites para oitivas e de pedidos de quebra de sigilos fiscais, bancários e telefônicos de pessoas investigadas pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Entre os convocados a depor estão o diretor afastado da Transpetro, Sérgio Machado, ex-senador pelo PSDB e líder do partido na Casa no governo FHC e os ex-diretores da estatal Ildo Sauer e Renato Duque.
Também foi aprovada a realização de uma acareação entre os ex-diretores da Petrobras Nestor Cerveró e Paulo Robertto da Costa.
Com o início da Ordem do Dia na Câmara, a reunião do colegiado foi encerrada por volta das 16:30h.