Na manhã desta segunda-feira (4/11), o senador Rogério Carvalho (PT-SE) concedeu uma entrevista coletiva em Aracaju, onde trouxe detalhes sobre o movimento “Volta, Petrobras” e os riscos existentes em uma emenda que dificulta o retorno da estatal a Sergipe. O evento reuniu figuras importantes, como o deputado federal João Daniel (PT/SE), o vereador Camilo Daniel, a jornalista Candisse Carvalho, além de representantes da Federação Única dos Petroleiros (FUP), do Sindipetro, da CUT e de diversas lideranças políticas e movimentos sociais.
Na oportunidade, o senador Rogério Carvalho destacou a importância do movimento para recuperar a presença da Petrobras no estado e explicou os impactos de possíveis alterações legislativas, especialmente no que diz respeito ao Programa de Aceleração da Transição Energética (PATEN). Além disso, Rogério alertou para o que chamou de “manobra legislativa” que pode comprometer investimentos estratégicos da Petrobras em Sergipe e enfraquecer o setor energético do país.
“O que aconteceu foi uma alteração feita pelo senador Laércio Oliveira que impede a Petrobras de importar gás natural. E isso não é extensivo a nenhuma outra empresa, ou seja, é uma medida que retira a Petrobras desse mercado de forma intencional”, afirmou Rogério, criticando a inclusão de um novo capítulo no relatório do PATEN, que altera a Lei do Gás (Lei nº 14.134/2021), gerando o que chamou de “insegurança jurídica para o setor de energia”.
Segundo o senador, a Petrobras tem avançado em projetos importantes como o Sergipe Águas Profundas (SEAP) e o Projeto Raia, ambos com grande potencial de produção de gás. De acordo com ele, o projeto SEAP, por exemplo, deve produzir até 18 milhões de metros cúbicos por dia e gerar 30 mil empregos diretos e indiretos, com investimentos superiores a R$ 40 bilhões. Já o Projeto Raia, operado pela Equinor com a participação da Petrobras e da Repsol, tem previsão de produção de 16 milhões de metros cúbicos diários de gás e investimentos da ordem de R$ 45 bilhões, com a criação de mais de 50 mil empregos.
Para se ter uma ideia do que isso representa, continuou Rogério, a Petrobras tem R$ 109 bilhões de investimentos para Sergipe. A Deso foi vendida por R$ 4 bilhões, o que “representa mais de 20 Desos de investimentos”. “Quando vamos ter essa quantidade de recurso investida no nosso pequeno estado? Então não podemos perder esta oportunidade de trazer de volta a Petrobras e poder gerar 30 mil empregos diretos e indiretos“, comentou.
“Esses projetos representam um momento sem precedente para o estado de Sergipe”, ressaltou o senador, lembrando que a Petrobras já está com licitações avançadas para plataformas de produção de gás em águas profundas no litoral brasileiro.
Desse modo, Rogério Carvalho questionou duramente a inclusão da emenda que impõe um teto de 50% para o mercado de gás, o que, segundo ele, inviabiliza a atuação da Petrobras e prejudica a atratividade desses grandes projetos.
“Não é por meio de uma lei que se controla a participação dessas empresas no mercado”, argumentou, detalhando que esse controle é feito pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), e que a imposição de um limite arbitrário para a Petrobras ameaça o desenvolvimento econômico de Sergipe e do Brasil.
“Espero que os congressistas entendam que o que está em discussão não é o interesse deste ou daquele partido dentro de um campo político específico, mas sim o interesse do povo de Sergipe e do estado de Sergipe. Precisamos, então, que haja compromisso para atender aos interesses do povo e do estado de Sergipe. A possível volta da Petrobras ao estado está programada; só não podemos permitir que atrapalhem esse retorno”, disse.
“Quem ama Sergipe e o povo sergipano não vai colocar as questões partidárias à frente, especialmente num momento como este. Estamos dispostos, inclusive, a conversar com o governador sobre o tema, porque é um assunto de interesse do povo e do estado. Deixemos de lado nossas divergências. Estou pronto para dialogar com o governador e com qualquer político, de qualquer partido, para garantir o melhor para Sergipe. Eu passo como político e como pessoa, mas o povo e o estado permanecem. Precisamos ter esse compromisso com a vida do estado e com o povo de Sergipe”, concluiu.