Em abril de 2019, com noventa dias de mandato, fizemos uma crítica ao início da atuação de Rogério Carvalho (PT) no Senado. Naquele momento, dissemos que o petista não havia demarcado seu espaço no cenário político, parecia recuado e se comunicava mal. Um ano e dois meses após a crítica inicial é preciso registrar que o petista vive outro momento, não só do ponto de vista pessoal, quando enfrenta os efeitos da covid-19, mas do ponto vista político e de sua comunicação, Rogério cresceu e se consolidou.
Após assumir a liderança do PT no Senado, Rogério passou do início tímido ao protagonismo na liderança de parte da oposição. O começo foi lento, talvez com a devida medida de quem precisa respeitar a antiguidade de outros membros mais experientes no parlamento. Na crise institucional atual, Rogério passou a ter papel relevante e se tornou referência. Com frequência passou a ser demandado pela imprensa nacional para falar em nome da oposição diante de fatos polêmicos do governo Bolsonaro. Em maio, Rogério teve quase uma participação por dia, nos telejornais das grandes emissoras e se fez presente em debates nos canais fechados de TV.
Um fato interessante na atuação de Rogério, é que mesmo radicalizando contra o presidente, ele consegue atuar liberando recursos para Sergipe. Conseguiu agilizar a chegada de 40 respiradores para a abertura de leitos de UTI. Aliás, esta postura do ministro da Saúde em atender um pedido do líder da oposição, deve também ser elogiada, as divergências políticas ficaram abaixo do interesse público. Rogério é político habilidoso, não radical, penetra em diversos setores e faz do diálogo uma estratégia política.
Neste momento de pandemia, Rogério também optou em não apenas ficar nas tradicionais e naturais críticas de oposicionista ao presidente da República. O senador apresentou projetos com foco na população economicamente mais atingida pela pandemia, propôs renda mínima de um salário mínimo e também conseguiu a regulamentação do uso de UTIs dos hospitais privados pelo SUS.
O último petista sergipano que conseguiu destaque no parlamento nacional na proporção em que Rogério se encontra hoje, foi Marcelo Déda. Em seus seis anos como deputado federal, de 1995 a 2000, Déda liderou a oposição ao presidente Fernando Henrique Cardoso. Isso faz de Rogério no momento atual a maior liderança do partido em Sergipe, e um forte nome para 2022. Sem dúvidas é acedo, até lá muitos fatos podem mudar a conjuntura local. Só o tempo dirá se Rogério repetirá Marcelo Déda e será o segundo petista a governar Sergipe.