O Partido dos Trabalhadores deve indicar dois nomes para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai apurar os atos de vandalismo em Brasília no dia 8 de janeiro. A afirmação é do senador Rogério Carvalho (PT-SE), que se colocou à disposição para participar do colegiado.
“É extremamente importante e necessário para a gente passar tudo a limpo e acabar com as narrativas falsas de que houve leniência ou qualquer coisa do tipo no 8 de janeiro. O que houve, na verdade, foi uma tentativa de golpe que já vinha sendo tramado há anos”, afirmou o parlamentar, durante coletiva de imprensa nessa quarta-feira (26) após a instalação da CPMI no Congresso Nacional.
“O ex-presidente Jair Bolsonaro falava em fechar o Congresso, o STF. O filho dele, Eduardo Bolsonaro, falou isso antes da campanha. Esse desejo estava presente em todas as declarações e toda semana a gente vivia em crise institucional provocada pelo ex-presidente”, acrescentou.
Carvalho esclareceu que, diferentemente do que os aliados de Jair Bolsonaro (PL) tentam difundir, após o resultado das eleições, o ex-presidente “tentou colocar em marcha esse golpe frustrado”. “Mas a CPMI vai colocar luz sobre as questões políticas, porque as questões jurídicas, de crimes cometidos contra a democracia, o STF, a PGR e a Polícia Federal já estão trabalhando”, pontuou.
“Agora, precisamos esclarecer a dimensão política desse evento que foi um dos mais marcantes da nossa história por atentar contra a democracia brasileira”, destacou.
Envolvidos devem ser ouvidos
Outro ponto reforçado pelo senador Rogério Carvalho tem relação com o andamento das oitivas que devem ser realizadas durante a CPMI. Segundo ele, todas as pessoas devem ser ouvidas, sem distinção. “Inclusive, não vejo problema algum que o ex-ministro do GSI, general Gonçalves Dias, também seja ouvido. Mas a prioridade não deve ser ouvir alguém que, como as imagens mostram, deu ordem de prisão, mas estava desguarnecido. Assim como toda a Esplanada dos Ministérios, estava desguarnecida pelas forças de segurança do Distrito Federal”, ressaltou.
Contudo, o senador Rogério apresentou outros questionamentos que, para ele, são muito mais indispensáveis no momento. “Precisamos saber como o General Heleno, do GSI, participou dessa trama? Como o ex-presidente Jair Bolsonaro, que estava nos Estados Unidos, participou dessa trama? Quem financiou? Quem garantiu que a tentativa de atos terroristas ocorressem? Quem estimulou e patrocinou?”, indagou.
“É isso que precisamos saber para trazer à luz sobre quais as forças políticas e qual articulação política tentaram garantir que essa tentativa de golpe fracassada ocorresse”, defendeu.
Nesse sentido, Carvalho voltou a apresentar nomes que acredita ser peças-chaves nas investigações da CPMI. “Tem General Heleno, Braga Netto, Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro. São tantos que precisamos ouvir e que têm importância nessa tentativa de golpe. Na próxima semana, os partidos vão se reunir e esperamos que tenhamos uma decisão para fazermos uma avaliação profunda sobre os atos, que foram atos terroristas”, disse.
“Não adianta tentar mascarar: foi uma tentativa de golpe, foi um ato de terrorismo contra as instituições democráticas. Isso precisa ser apurado e os responsáveis políticos precisam ser revelados e punidos”, concluiu.