O segundo-sargento do Exército Luis Marcos dos Reis, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro convocado para depor na CPMI do Golpe nesta quinta-feira (24), conseguiu a façanha de se envolver em praticamente todos os escândalos produzidos recentemente por Jair Bolsonaro e sua turma.
Além de ser preso na operação da Polícia Federal que investiga a falsificação de cartões de vacinação, o militar participou dos ataques de 8 de janeiro em Brasília e é suspeito de lavar dinheiro ao lado do tenente-coronel Mauro Cid, o faz-tudo de Bolsonaro.
O que levou Reis a ser chamado para depor na comissão de inquérito que investiga a tentativa de golpe foi sua participação ativa no ataque aos Três Poderes em 8 de janeiro. Relatório da PF com base em celulares apreendidos comprova que o segundo-sargento estava na Esplanada dos Ministérios e comemorou os atos terroristas.
Em mensagens enviadas a pelo menos três pessoas, Reis celebrou as invasões, como mostrou reportagem do UOL. “Graças a Deus! Foi bonito aqui!”, “o recado foi dado” e “entraram no Planalto, no Congresso e no STF. E quebrou, arrancou as togas lá daqueles ladrões” foram algumas das frases que disse nos áudios que compartilhou.
Movimentações bancárias mais que suspeitas
No entanto, o ex-funcionário do Palácio do Planalto, que trabalhou diretamente com Cid e Bolsonaro de janeiro de 2019 a agosto de 2022, quando foi transferido para o Ministério do Turismo, tem muito mais a explicar aos deputados e senadores da CPMI.
Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, análise feita pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), enviada à comissão, revela que, apesar de ter uma renda mensal de R$ 13,3 mil, Reis movimentou em suas contas bancárias R$ 3,34 milhões entre 1º fevereiro do ano passado e 8 de maio deste ano.
Nessas transações, ele recebeu dezenas de depósitos e repassou quase a totalidade deles para outras contas, sendo que parte dos recursos foi para Mauro Cid, mostrou a Agência Pública “Considerando a movimentação atípica, sem clara justificativa, (…) comunicamos pela possibilidade de constituir-se em indícios do crime de lavagem de dinheiro”, diz o relatório do Coaf.
Dessa forma, Reis acaba ligado às mais que suspeitas movimentações bancárias envolvendo Mauro Cid, Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. As transações atípicas envolvendo esses quatro personagens são várias, segundo o Coaf.
Contas de Bolsonaro e Michelle
Além da movimentação de R$ 3,34 milhões, o órgão apontou que uma empresa que pagava contas pessoais de Michelle, a Cedro do Líbano, fez duas transferências bancárias, de R$ 8.330,00 cada, para o segundo-sargento. Ele, por sua vez, é suspeito de ter realizado vários saques em caixas eletrônicos para pagar as contas da ex-primeira-dama.
Além disso, a quebra de sigilo bancário de Cid mostrou que o faz-tudo de Bolsonaro, além de movimentar R$ 8,4 milhões em apenas três anos, administrou outros R$ 2,3 milhões como procurador das contas do ex-presidente.
Também já se sabe que uma verdadeira quadrilha de venda ilegal de joias foi formada dentro do Planalto e que, segundo o advogado de Mauro Cid, o dinheiro arrecadado foi entregue ao ex-presidente e sua esposa.
Tudo isso sem falar na arrecadação de R$ 17 milhões via PIX a favor de Bolsonaro, outro indício de lavagem de dinheiro, segundo a Polícia Federal. Enfim, é muito dinheiro indo e vindo de forma suspeitíssima. E a CPMI, a cada passo que dá, fica mais perto da verdade.