A irresponsabilidade de Bolsonaro com a vida dos brasileiros e brasileiras segue seu rastro de destruição. Em 10 dias, duas pontes sob responsabilidade do Ministério da Infraestrutura desabaram, deixando quatro mortos, 14 feridos e pelo menos um desaparecido no Estado do Amazonas. O resultado da falta de manutenção da infraestrutura nacional no governo de Bolsonaro deixou a região isolada e a população, que depende das passagens, com falta de alimentos, gasolina e insumos.
A ponte sobre o Rio Autaz Mirim, localizada no km 25 da BR-319 no Amazonas, desabou no último sábado (8), isolando a população do local. A rodovia já estava interditada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e caiu 10 dias após a ponte do Rio Curuça também desabar. A BR-319 é o único acesso terrestre de parte estado ao restante do país. A queda da travessia sobre o Rio Curuçá, no dia 28 de setembro, deixou quatro mortos e um desaparecido.
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Descaso e promessas não cumpridas
O descaso do governo de Bolsonaro deixa moradores e caminhoneiros com dificuldades para chegar aos municípios afetados. A seca dos rios do Amazonas agrava o problema, pois prejudica a navegação em alguns trechos e apresenta riscos de colisões, que podem provocar naufrágios. Até agora, não houve solução nem para a primeira queda de ponte.
A promessa ao povo amazonense de Bolsonaro, na campanha de 2018, de asfaltar a BR-319 também não foi cumprida. A rodovia possui diversos trechos danificados e não tem pavimentação em quase toda a sua extensão. Os problemas de infraestrutura na BR-319 seguem causando transtornos e deixando parte da população do Amazonas cada vez mais isolada por terra.
No período de estiagem, os motoristas reclamam de outros problemas também muito graves e que não receberam atenção por parte do governo: buracos e poeira. Em alguns casos, crateras se abrem. Na parte de Manaus, a rodovia já é um desafio logo no início, já que ela começa dentro do Rio Amazonas, numa área próximo ao bairro Distrito Industrial e ao famoso Encontro das Águas dos rios Negro e Solimões.
O senador reeleito no Amazonas, Omar Aziz (PSD), denuncia o descaso do governo federal com o Estado, relembra a situação da falta de oxigênio na pandemia da Covid-19 e a falta de responsabilidade de Bolsonaro com a Amazônia.
“Tudo que o governo federal prometeu, nada foi cumprido”, criticou o senador. “Isso reflete claramente o descaso com o que eles tratam as questões da Amazônia. Sabemos da dificuldade do isolamento. Quando faltou oxigênio na Amazônia, foi a mesma situação. A BR-319 estava intransitável, o governo não tomou providência, retiram o DNIT que tinha sede no Amazonas e colocaram em Porto Velho por questões políticas e a estrada está nessa situação. Alertamos ao governo federal sobre a situação das pontes”.
“O presidente ‘Bolsonaro’ conseguiu um recorde na vida dele. Veio mais de nove vezes na Amazônia e nunca trouxe um prego para o Estado. É um presidente omisso, sem responsabilidade e que não gosta da Amazônia e tem demonstrado isso na prática”, sentenciou Aziz.
Sem manutenção, mas com propaganda
Além de não responder pela manutenção das pontes existentes e pela segurança do povo amazonense, Bolsonaro gastou com uma comitiva para inaugurar uma ponte de madeira em São Gabriel (AM) três vezes o valor da própria estrutura.
A ponte de madeira na comunidade indígena Balaio tem 18 metros de comprimentos e custou R$ 255.174,38, segundo o Ministério da Defesa. Já os gastos de Bolsonaro e comitiva que foi à região para inauguração da ponte foram de R$ 711.795,63.
O deslocamento até São Gabriel da Cachoeira teve orçamento de R$ 609 mil. O montante de R$ 50.924,47 foi gasto com diárias, R$ 50.544,30 com cartão corporativo e R$ 742,52 com telefonia. Os custos com passagens aéreas ou do deslocamento com avião da Força Aérea Brasileira (FAB) não foram divulgados.
“Gastar três vezes mais com a inauguração do que o valor da própria obra inaugurada se constitui um verdadeiro absurdo e um desperdício do dinheiro público. Isso fere princípios básicos da gestão pública, e nós estaremos provocando o Tribunal de Contas da União para que faça uma investigação sobre esse fato”, informou o deputado Elias Vaz (PSB-GO).
Segundo o artigo 37 da Constituição Federal, essa disparidade de gastos entre a construção e o ato de inauguração da obra fere, pelo menos, um dos cinco preceitos básicos da administração pública. É o princípio de eficiência que determina, entre outras coisas, fazer uso responsável do orçamento público, evitando desperdícios.=:
(Com informações do Estadão e Hora do Povo)