A CPI da Covid ouve nesta terça-feira (6) a servidora Regina Célia Silva Oliveira, fiscal de contratos no Ministério da Saúde que autorizou a compra da vacina indiana Covaxin. Em depoimento à CPI, Luis Ricardo Miranda, também servidor do Ministério, denunciou irregularidades neste contrato, além de pressões internas para liberar a compra. O irmão dele, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), afirmou à CPI que avisou pessoalmente o presidente Jair Bolsonaro sobre os indícios de corrupção no contrato da Covaxin. Segundo Miranda, Bolsonaro disse que o responsável era o deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara. Barros era ministro da Saúde quando Regina Célia foi nomeada na Secretaria de Vigilância em Saúde, em 2018.
Ainda na terça-feira, os senadores devem votar mais de 40 requerimentos. Entre eles, a quebra de sigilos bancários, fiscais e telefônicos dos deputados federais Ricardo Barros e Luis Miranda; do policial militar Luiz Paulo Domiguetti, que se apresentou como vendedor de vacina da Davati Medical Supply e denunciou pedido de propina no Ministério da Saúde; e de Cristiano Alberto Carvalho, representante da Davati no Brasil, empresa que teria oferecido 400 milhões de doses de Astrazeneca. Cristiano Carvalho deve ser ouvido pela CPI nesta sexta-feira (9).
O acusado por Dominguetti de oferecer propina por vacina deve depor nesta quarta-feira (7). Roberto Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, teria proposto, segundo Domiguetti, um dólar por dose de vacina para fechar o acordo do Ministério da Saúde com a Davati. Roberto Dias também deverá prestar esclarecimentos sobre o contrato da Covaxin, alvo da denúncia dos irmãos Miranda.
Para quinta-feira (8) está previsto o depoimento da ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Franciele Fantinato. Depois de pedir demissão, ela disse à imprensa que Bolsonaro atrapalha as ações do Ministério da Saúde, principalmente com declarações antivacina, e contra o uso de máscara e o distanciamento social. Franciele Fantinato está na lista de pessoas que terão sigilo telefônico e telemático quebrado a pedido da CPI. Ela nega que tenha sido pressionada a deixar o cargo em razão das investigações da comissão.