Na próxima semana, o Brasil feminino se encontra mais uma vez em Brasília. São as Margaridas, mulheres do campo, da floresta, das águas que, com sua força e determinação, trazem a capacidade de florescer com o lema: “Margaridas em Marcha pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver”.
O requerimento para a homenagem foi apresentado pelo senador Beto Faro (PT-PA), que destaca a mobilização das mulheres como uma marcha Mundial das Mulheres. A sessão especial sinaliza o compromisso da casa em legislar em favor das causas que desafiam a mulher brasileira e tornam o país tão desigual, apesar dos avanços.
Alguns detalhes estão sendo preparados carinhosamente para uma sessão onde a regra é bem acolher as participantes da Marcha. Mas o objetivo central é aproximar o movimento da pauta legislativa construída por elas, que busca transformar reivindicações em leis e, ao mesmo tempo, estimular a participação política e fortalecer a atuação do Senado como arena de debate para os grandes temas relacionados aos direitos da mulher.
O senador Beto Faro, que é filho de agricultor familiar e cresceu lutando por Reforma Agrária, lembra que a maioria das mais de 100 mil mulheres, esperadas em Brasília, é filiada a sindicatos e federações de todo o país. “Elas trarão a esta casa uma ampla pauta de reivindicações que é fruto de diálogos, proposições para o enfrentamento das principais questões que desafiam o Brasil: a fome, a violência a necessidade de regularização fundiária e a reforma agrária”, afirma o parlamentar.
A discussão da terra é central para as mulheres e vem desde 2000 quando foi realizada a primeira marcha das margaridas. De acordo com o Senador que acompanhou de perto essa luta como dirigente da Fetagri, as dificuldades passavam pela falta de acesso à terra. “Com o avanço dos assentamentos pelo país e as desapropriações em 2002, o desafio passou a ser o título da terra em nome das mulheres chefes de família. A luta das mulheres mudou isso”, observa.
De acordo com o senador Faro, as mulheres têm ação fundamental nos processos produtivos. Exemplo disso são as agricultoras do Rio Grande do Norte que se uniram para plantar em quintais coletivos. “No meu estado as mulheres estão transformando quintais urbanos em locais produtivos. São os chamados quintais amazônicos. Para se ter uma ideia, esse projeto conta com a participação de cerca de 70 famílias e deixa pátios de casas nas áreas urbanas cheios de frutos, hortaliças, raízes, flores e outras plantas”.
Desafios
Para Beto Faro, é no campo político que as causas se resolvem. Ele aponta a necessidade de estruturar o INCRA em todo o país, de dar uma resposta às pendências do passado, como a não liberação de crédito aos assentamentos rurais. Muitos não tiveram o desenvolvimento esperado por falta de investimentos. “Precisamos recuperar o tempo perdido, fazer a regularização fundiária que acentuam as desigualdades sociais e impactam no êxodo rural, no combate à fome. A terra é central”, conclui.