Senado homenageia centenário de Jorge Amado

Sr. Presidente desta sessão, caro Presidente JoséSarney, quero fazer uma saudação muito especial ao amado João Jorge do Jorge Amado de todos nós, como representante da família, ao Sr. Arthur Sampaio, Presidente da Fundação Casa de Jorge Amado, àminha companheira de Senado, Senadora Lidere da Mata, pela brilhante iniciativa, ao Deputado Roberto Freire, pela iniciativa a partir da Câmara dos Deputados, ao baiano, também Deputado, Antonio Imbassahy, e ao meu Governador Jaques Wagner que, com sua presença aqui, traz exatamente essa boa referência da Bahia de todos nós, a Bahia que Jorge buscou construir, a Bahia que Jorge tanto falou em versos e prosas, a Bahia que foi de forma muito enfática sempre anunciada pelos quatro cantos afora.
Falamos de Jorge, Jorge do compromisso, Jorge da transparência e o Jorge que amava a verdade. Falamos do Jorge que soube lançar sobre um olhar muito, mas muito especial à crítica social e à política, que éa coisa mais importante, da forma como pode traduzir, dos Capitães de Areia, ali, da malandragem da rua, o ensinamento ao enfrentamento das greves, de um Jorge que, acima de tudo, como cidadão atento s causas de sua terra e de tantos nordestinos.

Além de universalizar esses nossos cidadãos brasileiros, agora retratado de forma muito clara nos traços, nas letras, mas principalmente, chegando às mentes de todos pelo mundo afora. De Jorge, que expôs o Brasil como ele tanto conhecia, e fez o debate das suas ideias através do caminho da arte, levantando as discussões, promoveu a reflexão e auxiliou na construção fundamental do caminho por mudanças sociais. De um Jorge que trouxe temas raciais, de um Jorge que aprofundou as relações na simplicidade do porto, na minha primeira experiência, João Jorge, de ter lido inclusive Mar Morto, ainda enquanto garoto, de frequentar ali o comércio para ver o retrato do porto. De um Jorge que escrevia com mais maestria, de um Guma e Lívia, de um saveiro que se foi. Sobrou-nos aquela relação maravilhosa de um comércio que exalava os velhos marinheiros das letras, que pareciam palavras de um Jorge cada vez maestro.
Essa experiência é a experiência de um novo tempo, que na política e na vida Jorge destacou principalmente o ser humano. Fez das letras a forma de traduzir essas deferências, essas características de juntar os homens que se aliavam ao pensamento, ao pensamento democrático, ao pensamento de liberdade, ao pensamento de atitudes.

E realçava isso, reafirmava o que cada um carregava consigo de mais bonito do ponto de vista da democracia. De um Jorge de se envolver em debates com conceitos da democracia, da questão racial, do povo da memória, das lutas e dos traços,das ruas e dos amores, do mar e da vida. De um Jorge que pode fazer com tamanha representação nas letras o que ele via nas ruas: a sociedade, a aceitação, as diferenças. Imagine de um Jorge enfrentando principalmente os preconceitos que, hoje tão fortes, imaginemos naquela época. De um Jorge que tocava com maestria nessa ferida social. De um Jorge que falava com beleza das relações de amores extraídas do mar, mas cada vez mais profundas na relação do dia a dia.
E hoje nessa homenagem, com a presença dos seus familiares, amigos, e amigos ilustres, não fiquei tão apavorado, meu caro Presidente Sarney, como ficou a minha companheira Lídice da Mata. Sabe por quê?

Porque eu tive a oportunidade de exatamente beber nos pronunciamentos dessas duas grandes Excelências, uma que viveu e teve a oportunidade de dar o testemunho da presença, da convivência. A outra, minha companheira Lídice, a partir exatamente daquela bainidade, da busca das letras. 
Então, ficou muito mais fácil para mim e para outros — como Roberto Freire, Jaques Wagner — falar depois de vocês, até porque vocês tiveram a oportunidade de nos brindar com a parte mais profunda de Jorge. Falar de Jorge é citar exatamente o que ele disse, meu caro Presidente Sarney, porque ele o tempo inteiro reafirmava que os brasileiros, que principalmente a democracia para os brasileiros não tinha outro caminho. Era a democracia ou a democracia.
Por isso, a minha alegria de encerrar, fazendo parte dessa arte retratada aqui de forma muito clara e franca dos heróis e até anti-heróis de suas obras. Tivemos a oportunidade de conhecer e compreender melhor o ser humano que Jorge tentava retratar, de cada leitor, de cada informação, de cada mudança e, principalmente, de cada crítica.
Por isso, quero agradecer muito a esse grande autor baiano que nos permitiu, no dia de hoje aqui, Lídice da Mata, fazer essa saudação a alguém das Letras, a alguém que mostrou um Brasil amado, expôs de maneira especial e conseguiu promover, e ainda promove, mudanças essenciais para o Brasil continuar sendo um Brasil amado.
E quero encerrar com palavras, Presidente José Sarney, que foram ditas pelo Jorge, pelo Jorge Amado de todos nós, que dizia o seguinte: Continuo firmemente pensando em modificar o mundo e acho que a literatura tem grande importância.. Jorge afirmava de forma categórica: Eu me sinto mal porque acho que devia ter 50 escritores mais lidos no Brasil. Jorge, Imbassahy, se preocupava para que chegasse exatamente a esse povo da rua a oportunidade de ter acesso à leitura, à literatura, às letras e às artes e combinar a vida com essa vida real, a arte sendo impregnada, a arte sendo praticada.

Jorge escreveu uma das coisas mais bonitas, que dizia o seguinte: Eu acho que o escritor verdadeiro é aquele que escreve sobre o que ele viveu.
Amado Jorge, Jorge Amado, amado por todos nós, muito obrigado. (Palmas.)

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