A vacinação de crianças entre 5 e 11 anos contra Covid-19 deveria começar no último final de semana, mas em muitos municípios houve atraso na chegada e, pior, a desconfiança de que lotes possam ter se estragado em razão de condições de armazenamento precárias. A denúncia, feita no domingo pelo jornal Folha de S.Paulo, destampou outras suspeitas, já que a empresa responsável pelo transporte da vacina pediátrica, a IBL (Intermodal Brasil Logística), nem mesmo tem experiência nesse tipo de atividade junto ao serviço público.
Para investigar as supostas irregularidades no contrato e nas condições de transporte das vacinas, o senador Humberto Costa (PT-PE) protocolou representações no Tribunal de Contas da União (TCU) e no Ministério Público Federal (MPF).
“Por que uma empresa sem experiência foi contratada, sem licitação, para transportar vacinas?”, questionou o senador nas redes sociais. Como lembra Humberto Costa, a contratação da IBL, ocorrida em dezembro ao custo de R$ 62,2 milhões, foi repentina, uma vez que outra empresa já mantinha contrato com o Ministério da Saúde para a distribuição de vacinas.
Além de descobrir se houve improbidade administrativa por parte do ministro Marcelo Queiroga e de seus auxiliares na pasta da Saúde, TCU e MP deverão investigar as denúncias de conservação indevida dos estoques de imunizantes e a hipótese de contaminação do produto.
– Os relatos dão conta de abandono da carga, transporte dos imunizantes em ambiente que misturava gelo e papelão, não conferência da integridade de lotes e de temperatura dos imunizantes – apontou Humberto Costa nas representações entregues ao procurador-chefe do Ministério Público Federal em Brasília, Claudio Drewes, e à procuradora-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, Cristina Machado.