Senadora denuncia mulher de Cachoeira por nova tentativa de chantagem

A monotonia de dois já esperados não-depoimentos na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira foi quebrada pela indignação da senadora Kátia Abreu (PSD-TO) com a depoente e atual companheira do contraventor, Andressa Mendonça. Pouco depois da abertura da sessão, às 10h25, a senadora pediu a palavra e indignada com o que classificou como mentiras e chantagens, disse estar sendo vítima de uma intimidação por parte de Andressa.

A senadora rechaçou as declarações de que haveria um dossiê contra ela e também de que seria visitante habitual do contraventor, a quem pediria dinheiro para financiar suas despesas de campanha. Afirmou ainda que seu gabinete recebeu, no último dia 02 (quinta-feira) um telefonema em tom de ameaça e sem identificação do interlocutor. “Essa senhora está fazendo uma tentativa de me amedrontar e essa CPI não pode ser desmoralizada e muito menos seus integrantes podem ser intimidados”, disse, exigindo que sua detratora mostrasse o aludido dossiê, mesmo que ela se recusasse a falar à comissão.

A senadora também chamou Andressa Nascimento de “mentirosa e caluniadora”. Para a senadora, as acusações da mulher de Cachoeira seriam uma represália à sua postura na CPMI.  “Essa calúnia é uma vingança. Ela não vai me intimidar. Estou aqui na primeira fila aguardando esta senhora Cascata”, afirmou Kátia Abreu, antes da chegada de Andressa Nascimento à CPMI.

Pouco adiantou. Ao ser chamada e entrar na sala da Comissão acompanhada de seu advogado, Andressa repetiu a já conhecida ladainha de “vou exercer meu direito constitucional de permanecer calada”. Katia Abreu não se conteve: “A bela virou fera e corre o risco de sair daqui enjaulada”, bradou. Além de “cascateira e mentirosa, a senadora classificou a depoente de “gabola”. No final, Andressa, vestida sobriamente de preto, quase sem maquiagem e com expressão sofrida, foi dispensada.
 
Andressa está sendo apontada como uma das laranjas do esquema criminoso de Cachoeira por integrantes da CPI. Há inclusive a intenção de pedir a quebra dos sigilos bancário e telefônico da mulher do contraventor. Ela já havia sido convocada antes do recesso, sob a argumentação de que “circulava entre figuras importantes, como políticos, empresários e jornalistas” e teria conhecimento sobre a rede de influência de Carlinhos Cachoeira.

Araponga 
O outro depoente do dia era o policial federal aposentado Joaquim Gomes Thomé Neto, que se sentou para depor já com a desculpa pronta da garantia constitucional de nada falar. Considerado um dos arapongas do grupo, ele já havia sido convocado no início de julho, quando conseguiu a decisão favorável, mas apresentou atestado médico à comissão.
Foi a segunda tentativa da CPMI de ouvir o Thomé, que já havia se apresentado antes e alegou problemas médicos para não falar.
Tanto o presidente da Comissão, senador Vital do Rego (PMDB-PB) quando o relator, Odair Cunha (PT-MG) tentaram convencer Thomé a mudar de ideia e falar, ainda que fosse em reunião secreta. Foi inútil.

Nesta quarta-feira ,espera-se mais uma leva de não-depoimentos, uma vez que todos os convocados –  a ex-mulher de Cachoeira, Andréa Aprígio,o irmão dela, Adriano e Rubmaier Ferreira de Carvalho, que seria o contador do esquema de corrupção – já deixaram claro que não se manifestarão.
Na próxima terça-feira (14/08) a CPMI fará uma reunião administrativa para votar novos requerimentos.

Giselle Chassot

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