Gleisi mostra as fotos de Jofran Alves e Elder Borges, que defenderam “linchamento e morte” de adversários políticos e “tocaia” à família da senadoraVítima de uma agressão violenta no aeroporto de Curitiba, na semana passada, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) volta a ser ameaçada por integrantes de organizações de direita. Desta vez, as ameaças foram estendidas à família da senadora. “Estamos organizando grupos para armar emboscadas e atacar tanto ela [Gleisi], quanto seus familiares e amigos”, anuncia o e-mail recebido pela parlamentar na noite de quarta-feira (13). Na mensagem, os fascistas se referem a Gleisi como “vadia quadrilheira”.
“Se há uma palavra que não existe no meu vocabulário é medo. Sou extremamente da paz, mas se querem entrar em uma briga, aí eu sei brigar também. Como diz o ditado popular, dou um boi para não entrar, mas uma boiada para não sair”, alertou a senadora, em comunicação ao plenário, nesta quinta-feira (14). “Quero dizer a essas pessoas que escreveram essa mensagem anônima que eu nunca falei nada anônimo na minha vida”.
Sobre a agressão no Aeroporto de Curitiba, Gleisi relatou ao plenário que todos os envolvidos já foram identificados pela Polícia Federal e pela Polícia do Senado e serão processados. “Sinto pena dessas pessoas, porque acho que elas recebem informações que recebem, sem aprofundá-las”, ressaltou a senadora. Isso, porém, não afasta a necessidade de adotar as providências legais cabíveis: “Cada um tem que ser responsável pelo que faz. A toda ação corresponde uma reação”. Os autores do e-mail também enfrentarão investigação e processo.
“Sou afeita a todos os tipos de manifestação. Não tenho problema. Eu me criei nas manifestações, fui para as ruas, combati a ditadura militar, mas nunca, nunca desrespeitei quem quer que seja”, lembrou a senadora. Gleisi fez questão de ler em plenário o texto da mensagem de ódio e de mostrar ao plenário fotos de dois dos envolvidos nas ameaças já identificados. São eles Jofran Alves, integrante de uma certa “República de Curitiba”, e Elder Borges, do “Movimento Brasil Livre”. Os dois divulgaram as agressões à senadora nas redes sociais, defendendo “linchamento e morte” de adversários políticos.
“A essas duas pessoas só quero avisar: qualquer coisa que acontecer a mim, a minha família ou aos meus amigos, eles serão as primeiras pessoas a serem procuradas para responderem por isso”, alertou Gleisi. “Eu não tenho medo. Eu sei onde estão essas pessoas. Já entrei em contato com a Delegacia de Crimes Cibernéticos, com a Polícia Federal. Nós vamos, sim, identificá-los e vocês vão ser processados! Não vão ficar por aí fazendo com que as pessoas sintam medo. Eu não tenho!”, garantiu a senadora.
Solidariedade não tem partido
Gleisi também prestou solidariedade à senadora Ana Amélia (PP-RS), que está no lado oposto ao dela e recebeu mensagens ameaçadoras no celular por defender o impeachment da presidenta Dilma, e à deputada Moema Gramacho (PT-BA), agredida e ameaçada por outra integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), capitaneado por Kim Katiguiri—aquele que afirmou que a escola pública é “ponto de recrutamento de traficantes”.
Gleisi: “Essa é Carla Zambelli, credenciada e com trânsito livre na Câmara para agredir pessoas”A integrante do MBL Carla Zambelli abordou Moema Gramacho no restaurante da Câmara dos Deputados, onde a parlamentar estava almoçando. Aos gritos, afirmava que “todos os petistas precisam ser presos”. O curioso é que Carla Zambelli circula pelos corredores do Congresso Nacional graças ao credenciamento da Câmara: ela é portadora de um crachá que lhe garante livre trânsito na Casa.
O vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), que presidia a sessão da Casa esta manhã, associou-se ao protesto de Gleisi e anunciou que vai acionar a Advocacia-Geral do Senado e a Polícia Legislativa para que assegurem as todas as providências para coibir e processar esse tipo de intimidação contra parlamentares no exercício do mandato. “Essas pessoas passam de qualquer limite daquilo que estabelece o regime de livre manifestação. Isso são agressões, são ameaças”, destacou Viana. “A Mesa Diretora do Senado tem de tomar providências, e é esse o compromisso que assumo, a partir do que estou ouvindo e vendo nesta sessão que presido”.
Quanto à agressora Carla Zambelli, Viana determinou que ela seja identificada pela Polícia do Senado e impedida de circular nas dependências do Senado Federal, com ou sem crachá de credenciada. “Pessoas que cometem crime e que estão aí na busca de cometê-los, e fazem isso assumidamente, não podem fazer parte de uma Casa que é a casa da democracia, como é o Senado Federal”, afirmou Viana. “Agressão, da maneira como está sendo feita, é atitude fascista, é crime, é deplorável e tem de haver uma reação a isso. E não pode ser a reação de uma senadora. Deve ser do Senado Federal”.