A porteira da boiada, enfim, deverá ser fechada. Essa é a expectativa dos senadores do PT, após a informação de que o Ministério Público Federal (MPF) entrou com ação de improbidade administrativa e pede o afastamento Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente. Entre outras questões, a ação do MPF aponta que Salles paralisou a fiscalização ambiental, e agiu com intenção de desmontar as políticas de proteção ambiental do país.
O senador Rogério Carvalho (SE), líder do PT no Senado, disse em suas redes sociais que está na hora de fechar a porteira. “MPF pede o afastamento de Ricardo Salles por improbidade administrativa. Parabéns ao MPF! Está na hora de fechar a porteira dessa boiada!”, afirma Carvalho, relembrando a declaração do próprio Salles, em reunião ministerial de 22 de abril, quando disse que seria oportuno aproveitar a desatenção da opinião pública, preocupada com a pandemia, para “passar a boiada”, se referindo à aprovação de leis e ações que possibilitassem a desregulamentação da proteção ao meio ambiente. O MPF usou a declaração como uma das provas para pedir o afastamento do ministro.
O senador Humberto Costa (PT-PE) define como “gravíssimo” o conteúdo do documento do MPF: “A ação de improbidade aponta que ele (Salles) paralisou fiscalização ambiental e desestruturou políticas da área”.
Já o senador Paulo Rocha (PT-PA) afirma que a motivação para o pedido afastamento do ministro já era de conhecimento de todos: “O que todos nós já sabíamos, agora é motivo de procuradores para pedir o afastamento de Salles do governo federal: ele age com a intenção de desmontar a proteção ao meio ambiente no país”.
Para o senador Jean Paul Prates (PT-RN), “Ricardo Salles nunca foi ministro, mas sim inimigo do meio ambiente”, e comenta sobre o conteúdo do pedido de afastamento em suas redes sociais.
Carta de ex-ministros
Em uma ação inédita, ex-ministros do Meio Ambiente se reuniram em um Fórum e assinaram uma carta conjunta, publicada em 10 de junho, demonstrando preocupações sobre a política ambiental do governo Bolsonaro. A carta aberta pede providências aos poderes judiciário e legislativo, governadores e prefeitos, e ao Procurador da República, e foi assinada por Carlos Minc, Edson Duarte, Gustavo Krause, José Carlos Carvalho, Izabella Teixeira, Marina Silva, Rubens Ricupero, Sarney Filho e José Goldemberg.
A grave situação ambiental brasileira reuniu no chamado “Fórum de ex-ministros do Meio Ambiente do Brasil em Defesa da Democracia & Sustentabilidade”, gestores dos governos dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer.
O documento traz alertas como o comprometimento irreversível da sustentabilidade pelo governo Bolsonaro: “A sustentabilidade socioambiental está sendo comprometida de forma irreversível por aqueles que têm o dever constitucional de garanti-la”.
Ao fim da carta, os ex-ministros pedem que o Congresso Nacional assegure “o controle dos excessos e omissões do Poder Executivo Federal, não permitindo a tramitação e aprovação de Projetos de Lei e Medidas Provisórias que fragilizem ou promovam retrocessos na legislação”.