A destruição da Floresta Amazônica parece ser uma obsessão do governo Bolsonaro. Contradizendo as várias declarações em defesa do bioma, inclusive diante de chefes de Estado do mundo inteiro, na Assembleia das Nações Unidas, o presidente toma seguidas medidas que abrem caminho para um prejuízo ambiental cada vez maior. Resultado: em janeiro, o país registrou mais um recorde de desmatamento da Amazônia – foram 430 km², um aumento de 418% em relação a janeiro de 2021.
“Enquanto Bolsonaro estiver no poder, a destruição das nossas florestas só tende a aumentar. Ele não apenas incentiva ações criminosas como sufoca a fiscalização ambiental. Tirar o ex-militar do poder é também salvar as nossas maiores riquezas. E isso será feito democraticamente em breve, nas urnas”, afirmou o líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA).
Dados do sistema Deter, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), indicam que a situação está descontrolada. O aumento inédito aconteceu em um mês que costuma registrar redução do desmatamento em razão do grande volume de chuvas típicas deste período do ano. E o início de 2022 registrou ainda mais chuva do que no ano passado. Os alertas de desmatamento se concentram principalmente nos estados de Mato Grosso, Rondônia e Pará.
“O desmatamento na Amazônia bateu mais um recorde em janeiro. Houve um aumento acima de 400% na devastação, em comparação com o mesmo mês de 2021. Especialistas dizem que a destruição na Amazônia está fora de controle e denunciam a falta de fiscalização do governo”, lamentou o senador Humberto Costa (PT-PE).
Análise do Greenpeace confirma o que diz o senador. “Os estímulos para o desmatamento têm sido tão evidentes que, mesmo em janeiro, a destruição disparou. De fato, esse é um momento de ouro para quem desmata e/ou rouba terras públicas, já que existe uma falta proposital de fiscalização ambiental e expectativa de alteração na legislação para regularizar a invasão de terras públicas”, denuncia Cristiane Mazzetti, da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil.
Crédito para criminosos
Para piorar, o governo federal age na contramão e, além de não fiscalizar, facilita a vida de desmatadores e criminosos. Mesmo com terras embargadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Bolsonaro liberou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para emprestar, com dinheiro público, R$ 28,6 milhões para a compra de maquinário agrícola.
O projeto de extermínio da Amazônia é operado pelo banco John Deere, que pertence à maior montadora de máquinas agrícolas do mundo. O financiamento foi liberado para cinco produtores com embargos por desmatamento, emitidos pelo Ibama.
O secretário Nacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Partido dos Trabalhadores (PT), Penildon Silva, alerta sobre a estratégia de destruição adotada pelo governo federal contra todo o aparato estatal criado para fiscalizar, coibir e multar crimes ambientais, e agora estimula criminosos a avançarem nas florestas e outros biomas brasileiros.
Outro ponto destacado por Penildon é que o governo bolsonarista vai levar o Brasil ao isolamento no plano internacional, diante de tantos retrocessos ambientais. “É escandaloso, pois o BNDES foi desativado como banco desenvolvimento social e econômico e agora serve para financiar a destruição da Amazônia. É preciso que o Congresso Nacional e o Tribunal de Contas investiguem bem, pois o financiamento é para uma atividade que é ilegal”.
A expansão do garimpo na região amazônica também vem sendo estimulada pelo atual governo, mesmo que isso coloque em risco o meio ambiente e as populações originárias, especialmente as indígenas.
Em outubro passado, Bolsonaro visitou uma região de garimpo ilegal localizada na terra indígena Raposa Serra do Sol (RR). Na ocasião, defendeu a legalização da atividade. Nesta segunda-feira (14), ele editou decreto para instituir o Pró-Mapa, um programa destinado a estimular o garimpo na região.
(Com informações da Agência PT de Notícias e do Greenpeace Brasil)