Senadores que resistem ao golpe articulado contra a presidenta Dilma Rousseff apresentaram nesta terça-feira (24), representação à Procuradoria Geral da República (PGR) pedindo a instauração de procedimento investigatório para apurar até que ponto o ex-ministro do governo golpista Romero Jucá interferiu para obstruir a Operação Lava Jato e influiu para o afastamento da presidenta Dilma Rousseff.
Eles também pedem que Jucá seja impedido de retornar ao cargo de ministro do Planejamento, do qual foi exonerado depois da divulgação de conversas com o ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado. A representação solicita ainda que, mesmo retomando o cargo de senador, o ex-ministro interino seja impedido de frequentar lugares, ter contato com pessoas ou, usar sua função de parlamentar para, de qualquer forma, tentar criar quaisquer obstáculos ao andamento da Operação Lava Jato.
Assinado por catorze parlamentares – do PT, PCdoB , PDT e PPS –, o documento aponta que Jucá e Machado falam claramente, no diálogo, de uma ampla concertação nacional para barrar novas investigações da Lava Jato que levassem a outros parlamentares que não os do PT.
“Na conversa, o senador Romero Jucá afirma que seria necessária a ‘articulação de uma ação política’ que, inclusive, contaria com a aquiescência da Suprema Corte, para afastar a senhora Presidente da República do exercício da chefia do Poder Executivo”, diz o texto.
As gravações ? alega a Folha de S.Paulo? somariam uma hora e quinze minutos e estariam com “investigadores do esquema de corrupção na Petrobras”.
“Não bastasse a gravidade em si de se ter um senador da República a operar, francamente, no sentido de lograr a obstrução da Justiça, ou, quiçá, a praticar tráfico de influência em face do que, potencialmente, poderia ser dito às autoridades pelo senhor Sérgio Machado, o que ainda se observa, prima facie, é a inominável forja de ambiência institucional e mobilização da opinião pública propícias a desestabilização e derrubada de um governo legítimo, ungido em manifestação da soberania popular, com evidente desvirtuamento de finalidade do instituto do crime de responsabilidade. Seria preciso submeter a Senhora Presidente da República à expiação, para que, amainada a ira cívica, se contivesse a sangradura do estamento político”, diz o documento.
O texto alega ainda que o senador Romero Jucá valeu-se da existência de uma legislatura beligerante para “fazer passar um voto de desconfiança” contra a presidenta Dilma, embora o sistema político brasileiro não seja parlamentarista. “Seria preciso submeter a Senhora Presidente da República à expiação, para que, amainada a ira cívica, se contivesse a sangradura do estamento político”.