Corajosa. Essa foi a reação da Bancada do PT no Senado e da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) a respeito da proposta apresentada pela presidenta Dilma Rousseff de chamar uma consulta popular para decidir sobre os rumos do sistema político brasileiro. A entrevista de Dilma ao jornalista Luís Nassif foi transmitida na noite de quinta-feira (9), na TV Brasil. “A presidenta Dilma Rousseff está certa. Não bastar vencer o processo de impeachment no Senado. É preciso um novo pacto social e isso pode vir por meio de uma consulta popular em que o povo brasileiro seja ouvido. Demonstra um alto grau de desprendimento, de compromisso com o Brasil e de respeito aos cidadãos”, afirmou o senador José Pimentel (PT-CE).
A senadora Regina Sousa (PT-PI), que está no interior do Piauí cumprindo agenda política, nesta sexta-feira (10), considerou extremamente positiva e corajosa a proposta de Dilma de chamar o povo – e somente o povo – para opinar. De maneira geral, Regina defendeu a urgente necessidade de se promover uma profunda reforma política.
Em sua entrevista para Luís Nassif, Dilma apontou que as forças políticas começaram a mudar ainda no seu primeiro mandato. No centro da pauta estava Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ainda líder de seu partido na Câmara. E o centro, que nunca teve uma pauta por pender ora para a direita, ora para a esquerda, foi alçado, a partir da metade do primeiro mandato de Dilma, para a direita – mas com a diferença de que a pauta era exclusivamente a de Eduardo Cunha, formada por projetos supressores dos direitos sociais.
Assim, as relações políticas com o centro começaram a esgarçar, por conta de interesses pessoais em detrimento dos interesses de toda a população brasileira.
Em entrevista transmitida ao vivo pelo site PT no Senado, as senadoras Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) comentaram a entrevista e destacaram o corajoso posicionamento de Dilma, em favor da democracia e do presidencialismo.
“A presidenta, com esse gesto, mostra desprendimento e senso de compromisso com o País, com a democracia, de maneira fenomenal. Nós já estamos discutindo essa saída para a crise. Meu partido já oficializou a proposta do plebiscito, da consulta popular, para saber se o povo quer ou não antecipar eleições. Com essa abordagem fenomenal da presidenta Dilma podemos mudar o rumo dos fatos. Quando a gente vive uma crise profunda, nada melhor do que se socorrer na democracia para resolver o problema”, disse a senadora Vanessa Grazziotin.
Gleisi acredita que a consulta popular é o melhor remédio para a crise. “A presidenta usou um exemplo muito legal. Para limpar e enxaguar a lambança do governo interino, nada melhor do que consultar a população para saber o que fazer. Acho isso válido porque estamos vendo, no Senado, na comissão de impeachment, uma situação muito ruim. Estamos sem espaço para a defesa, para falar, para produzir provas. Estão querendo apressar o processo e acho que o povo tem que ser chamado, sim, para falar sobre esse momento que estamos vivendo. Como temos processo eleitoral em outubro, poderia ser nesse espaço a consulta popular sobre os destinos de nossa democracia”, afirmou.
Em resposta imediata aos críticos da proposta de consulta popular colocada por Dilma, Vanessa observou que há um complô para que o golpe se consolide. Isso se vê quando na comissão de impeachment se restringe a fala das testemunhas em apenas três minutos, além de não autorizar uma perícia nos fatos que motivaram o processo (a assinatura de Dilma de seis decretos e o Plano Safra) e de limitar a produção de provas. Nada disso tem sido permitido, segundo Vanessa, com o intuito para acelerar o golpe. “A manifestação contrária à consulta mostra o desespero deles, que não estão preocupados com a democracia e sim em entregar o País, tirar os direitos do povo e privatizar”, comentou Vanessa.
A senadora do PCdoB apoia incondicionalmente a consulta popular e uma reforma política ampla, por entender que o sistema político brasileiro é arcaico. Segundo Gleisi, o governo interino de Temer é a cara desse sistema político falido. “Um governo provisório que não tem diversidade e representa o parlamento: homens brancos, antigos, conservadores, ricos e das classes média e alta”, disse ela.
Marcello Antunes