Gleisi: Isso [adesivos ofensivos contra Dilma] não é forma de protestar, tampouco é argumento políticoO mais recente ataque sexista à presidenta da República Dilma Rousseff levou um grupo de homens e mulheres comprometidos com o fim da violência de gênero a criar o movimento “É Pela Dignidade Feminina”, que pretende reunir denúncias e cobrar providências contra as agressões cotidianas praticadas contra as mulheres no Brasil. A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), uma das criadoras da iniciativa, falou ao plenário do Senado na última quinta-feira (2) sobre a questão e manifestou sua indignação com a agressão praticada contra Dilma e que tem repercutido tão mal nas redes sociais.
Ao longo da semana, foi divulgada a criação e venda de adesivos de cunho misógino, usando a imagem da presidenta. “Trata-se de uma montagem vexatória. Não só ridicularizam a condição feminina, como pregam a cultura da agressão sexual”, narrou Gleisi.
O material estava à venda site Mercado Livre e foi retirado poucas horas depois, diante da rejeição da sociedade. “Isso não é forma de protestar, tampouco é argumento político”, condenou a senadora em seu pronunciamento. “Não há posição ou ideologia política que justifique essa atitude. É um desrespeito a todas as mulheres, mães, avós, filhas, e também ao Brasil, na medida em que se agride nossa Chefe de Estado, que representa nossa soberania e nossa cultura perante o mundo inteiro”.
Ampliar a participação feminina
Para Gleisi Hoffmann, esse episódio serviu para comprovar a necessidade de reforçar e incentivar a participação feminina em diversos espaços da sociedade, principalmente na política. “O cenário político já foi, durante tempo demais, um lugar de truculência, individualismo, posturas autoritárias e atitudes rígidas. Isso precisa acabar”, defendeu a senadora, que é autora de um projeto que assegura cotas para a participação feminina no legislativo.
“A nossa meta aqui, no Parlamento, a minha e a das minhas companheiras e colegas senadoras, é garantir que, na política e no Parlamento, seja assegurada a participação da mulher. Dessa forma, temos condições de mudar as coisas, de impulsionar a participação e de começarmos a exigir o respeito na sociedade”, afirmou Gleisi.
O movimento “É Pela Dignidade Feminina” já tem uma página no Facebook para receber denúncias e opiniões dos internautas. “Assim como a presidenta Dilma foi ofendida, sei que milhares de mulheres o são todos os dias. E isso fica no anonimato. Não podemos permitir que isso continue”, destacou Gleisi.
Deter a onda de intolerância
O protesto de Gleisi recebeu o apoio do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), para quem as críticas políticas que se possa fazer à ocupante de um cargo eletivo não devem jamais descambar para o tipo de comportamento dos autores e divulgadores do adesivo. “Quero aqui manifestar meu repúdio e minha solidariedade. Ao mesmo tempo, manifesto minha preocupação, porque está crescendo um sentimento de intolerância neste País. Não importa quem está a favor ou não da presidente, mas tem de respeitá-la, como presidente e como mulher também”.
Cristovam considera “perigoso” o deslocamento das divergências para o espaço das agressões, situação que se manifesta não apenas na política. Ele cita a intolerância crescente que tem levado agressões cada vez mais graves às religiões de matriz africana e aos atos homofóbicos . “Está havendo uma tentativa grande de censura, inclusive. Há um projeto de lei hoje que proíbe os professores de fazerem o que estão chamando de ideologia de gênero”, lembrou o senador pedetista, referindo-se à campanha contra os educadores que querem promover, dentro da sala de aula, a formação de jovens para que não tenham preconceitos. Por trás da intolerância, Cristovam vê “oportunismo político” de segmentos que instrumentalizar os medos e insatisfações e a indignação da sociedade.
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