Ajustes também devem chegar ao “andar de cima”, defende Paulo Paim

Paim: Todo mundo sabe que quem paga imposto neste País é o pobreO senador Paulo Paim (PT-RS) tem sido, nas duas últimas semanas, personagem recorrente de repostagens na chamada grande imprensa, por causa de sua posição contrária a várias medidas do ajuste econômico apresentado pelo governo, em particular as que alteram a legislação trabalhista e a previdenciária. Não faltou a esse noticiário a ilação de que o Paim, principal referência dos movimentos sociais e dos sindicatos no Senado, a especulação de que, assim como a senadora Marta Suplicy, estaria de malas prontas para sair do partido.

No entanto, em entrevista ao jornal Brasil Econômico, publicada nesta segunda-feira (30), o senador afirmou que o ex-presidente Lula foi solidário a ele em relação ao posicionamento contrário que tem aos atuais ajustes propostos pelo governo. Segundo Paim, Lula “falou com todas as letras que o governo tem que negociar com as centrais e com o Congresso uma alternativa a essas MPs”.

“[O ex-presidente] perguntou onde está escrito no estatuto do partido que eu não posso votar contra o governo. Lula disse que as MPs do ajuste vão contra tudo aquilo que nós pregamos ao longo de nossas vidas e que eu sempre defendi dentro do Senado”, colocou o parlamentar.

O senador destacou que é preciso chamar as grandes forças políticas para discutir os ajustes fiscais necessários no atual momento do País. Para ele, o “ajuste pede para chamar à responsabilidade os brasileiros do andar de baixo, mas devia chamar também as do andar de cima”.

“Enquanto o mundo estava em crise, nós aqui estávamos em pleno emprego e praticamente todo mundo estava ganhando bem, tanto empregado quanto empregador. Agora, a coisa apertou para todo mundo. Ninguém quer quebrar o país, nem o empresariado nem o trabalhador”, colocou Paim.

Os principais ajustes propostos pelo governo federal foram enviados ao Congresso Nacional no dia 30 de dezembro de 2014, por meio das medidas provisórias (MPs 664 e 665/2014) que alteram direitos trabalhistas e previdenciários. O senador petista é um dos principais críticos às propostas, tendo apresentado 47 emendas, ao todo.

Paim acredita que propostas como a taxação das grandes fortunas ou das grandes heranças, além da reforma tributária, também deveriam entrar em pauta. “Todo mundo sabe que quem paga imposto neste país é o pobre. O governo precisaria enfrentar o debate da corrupção na arrecadação da Previdência e do FGTS. Quem faz o desvio de conduta ali não é o pobre, porque este faz o desconto na folha de pagamento. Os grandes devedores da Previdência não são os mais pobres. Os poderosos deste país devem, e devem muito para a Previdência”.

O fim do fator previdenciário também é proposto pelo senador. Ele é favorável à fórmula 85/95. Que já existe para o servidor público. Neste modelo, a mulher se aposentaria com 55 anos de idade, tendo contribuído por 30 anos, e, o homem, com 60 anos de idade e 35 de contribuição.

Veja a entrevista na íntegra.

Com informações do jornal Brasil Econômico

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