Bono desafia Lula: vamos fazer juntos um Bolsa Família planetário

O que era para ser um reencontro de dois amigos acabou se transformando em uma produtiva reunião de trabalho. Na tarde desta terça-feira (9), em Londres, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o músico irlandês Bono, líder da banda U2, conversaram durante uma hora sobre o programa Bolsa Família, segurança alimentar, fome na África e, claro, futebol, paixão de ambos.

Lula: os recursos jogados na farra dos bancos
e na invasão do Iraque seriam suficientes para
montar um mega-programa Bolsa Família que
atenderia a todos os pobres do mundo
durante 150 anos

 

A pedido do roqueiro e ativista social, Lula resumiu os programas de inclusão social realizados no Brasil durante seu governo e que permitiram que fossem retirados do estado de miséria absoluta mais de 30 milhões de pessoas. De lápis na mão, o ex-presidente fez para Bono um cálculo estarrecedor: “Some os 9,5 trilhões de dólares gastos para salvar bancos norte-americanos e europeus, depois da crise de 2008, mais os 1,7 trilhões de dólares despejados pelos EUA na guerra do Iraque, e você terá mais de US$ 11 trilhões. Isso significa que os recursos jogados na farra dos bancos e na invasão do Iraque seriam suficientes para montar um mega-programa Bolsa Família que atenderia a todos os pobres do mundo durante 150 anos”.

Para Bono, depois que o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, com problemas de saúde, retirou-se da política, Lula converteu-se naturalmente no grande interlocutor mundial dos pobres. “Lula, você é o único interlocutor capaz de falar com capitalistas e socialistas, com dirigentes dos países ricos e com as lideranças do Terceiro Mundo”.

O músico propôs somar os esforços do Instituto Lula e da organização não-governamental ONE, criada e dirigida por Bono para difundir e estimular, em países africanos, programas contra a fome e a miséria. Ele revelou também que, com o apoio de Bill Gates e do investidor George Soros, a ONE vem implantando na Tanzânia um projeto de produção de alimentos na savana inspirado no trabalho da brasileira Embrapa em Gana.

Lula está na Europa para uma série de encontros com lideranças políticas e ativistas. Na última sexta sexta-feira (5), o ex-presidente reuniu-se com a Comissão de Assuntos Exteriores do Parlamento Europeu. O principal tema do encontro também foi o bolsa família. Lula comparou os efeitos do programa de inclusão social, implantado no Brasil durante seu governo, com as profundas transformações introduzidas na Alemanha com a derrubada do Muro de Berlim.

O ex-presidente também destacou a importância da União Europeia — “um patrimônio democrático da humanidade” — e conclamou os interlocutores a não permitirem que a atual crise econômica que atinge o continente abale as conquistas sociais.  Lula afirmou que “está na hora dos políticos voltarem a fazer política” e criticou de forma veemente a terceirização da política a técnicos e burocratas, defendendo que os problemas sejam resolvidos com todos os líderes políticos sentando para conversar. “Sempre alguém ganha e alguém perde, mas é preciso pensar o que é melhor para o futuro”, afirmou.

Para Lula, um dos principais problemas da atual crise é a especulação financeira e a falta de controle dos mercados. “Esse dinheiro que está circulando sem gerar uma única caneta precisa ser canalizado para produção”. O ex-presidente argumenta que a circulação de dinheiro apenas em negócios especulativos não produz nada concreto, não gera empregos e não movimenta a economia. A receita de Lula é enfrentar  a crise é estimular o crescimento e a geração de empregos, como vem fazendo o Brasil.

Com informações do Instituto Lula

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