Cerca de 12 mil jovens brasileiros acham que é mais importante ter educação de qualidade, saúde e governo honesto. Eles responderam a uma enquete da Campanha do Milênio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que foi tema de debate nesta quinta-feira (04) na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado.
A Campanha do Milênio começou pelo Brasil a visita a vários países para ouvir jovens |
Os três temas escolhidos como prioridade pelos adolescentes brasileiros fazem parte de uma lista de 16 objetivos do milênio levantados por especialistas da Organização das Nações Unidas para fazerem parte da agenda de desenvolvimento global a partir de
A audiência pública na CDH, presidida pela senadora Ana Rita (PT-ES), contou com a presença de 42 adolescentes de escolas públicas do Distrito Federal e de Goiás, entre eles, estudantes do Quilombo de Mesquita, localizado no município da Cidade Ocidental (GO). Na reunião, alguns adolescentes puderam dizer qual objetivo consideram prioritário e relatar sua realidade.
A audiência pública na CDH, presidida pela |
Corinne Woods elogiou a iniciativa da audiência pública no Senado. A realização da reunião foi requerida pela senadora Lídice da Mata (PSB-BA), que coordena, no Senado, a Frente em Defesa da Infância e do Adolescência do Congresso Nacional.
“Chegar ao Brasil e ver que o Senado está realizando audiências públicas para discutir essas questões é sinal de uma grande democracia, e um sinal de que a democracia não vive apenas no dia em que se vota, mas em todos os dias, em como as pessoas vivem suas vidas”, disse Corinne.
A diretora da Campanha do Milênio pediu que todos votassem na página eletrônica www.myworld2015.org, onde estão relacionados os 16 objetivos do milênio. Até o momento, mais de 250 mil pessoas participaram da enquete.
Eliminar a discriminação e preconceito
Os deputados Jean Wyllys (PSOL-RJ) e Érika Kokay (PT-DF), que também participaram da reunião, afirmaram a importância de dois objetivos da Campanha do Milênio: “Educação de qualidade” e “Eliminar a discriminação e o preconceito”. Para Wyllys, a educação de qualidade deve ser inclusiva e sem discriminações. “É fundamental que uma educação de qualidade leve em conta, por exemplo, o bullying, essa violência praticada no ambiente escolar, sobretudo por conta da diferença. E aí essa meta do milênio se articula com a outra meta da eliminação do preconceito e da discriminação”, disse.
Em comentário sobre a meta da eliminação do preconceito e da discriminação, Érika Kokay disse que impedir a expressão do afeto desumaniza o homem. “A eliminação do preconceito e da discriminação tem que estar como tema central da agenda nacional, porque significa reconhecer o outro com igualdade de direitos, reconhecer a sua humanidade”, defendeu ela.
Para a senadora Lídice da Mata, é preciso acabar com a violência e com a discriminação, principalmente contra os negros. “Nós estamos convivendo com uma verdadeira guerra contra a juventude negra do nosso país. Silenciosa, terrível e permanente. Esse é um dos grandes desafios que, creio, nós precisamos incorporar, compreender e debater para superá-lo como um desafio do nosso milênio”, afirmou Lídice da Mata.
A voz dos adolescentes – Os adolescentes que se manifestaram na audiência ressaltaram a importância de vários objetivos da campanha, mas o objetivo mais citado foi “Educação de Qualidade”. Para Paulo Henrique Alves, de 16 anos, que estuda na escola Paulo Freire, da Asa Norte em Brasília, a educação é o mais importante, pois é libertadora.
“A educação liberta, dá uma possibilidade de a pessoa se libertar, poder ascender na sociedade, poder ter um bom emprego, poder ser feliz basicamente”, disse. Lucas Daniel, de 17 anos, do Paranoá (DF), também defendeu a educação como prioridade, mas uma educação que propague o respeito. “Educação de qualidade não é só ensinar matemática e português, mas também respeito por todas as pessoas”, afirmou.
O quilombola Walissis Braga defendeu a eliminação do preconceito como prioridade para o milênio. “A gente, jovem quilombola, não é fácil estudar aqui em Brasília, porque quando a gente vem pra cá sempre tem aquela discriminação. Às vezes não é visível, mas deixa marcado na gente”, disse.
Corinne Woods disse que vai levar tudo o que ouviu para a ONU e para as reuniões que terá com funcionários do governo nesses dois dias que vai passar no Brasil. “A união de tudo isso é mais importante do que qualquer contribuição técnica”, afirmou.
Com informações da Agência Senado