Cepal mostra preocupação com julgamento sem provas de Dilma

Cepal mostra preocupação com julgamento sem provas de Dilma

A secretária-executiva da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), Alicia Bárcena, enviou uma carta à presidente Dilma Rousseff expressando a preocupação “com a ameaça à democracia” no país em razão da crise política que se desenrola.

Na carta, Alicia fala que a presidente sofre um julgamento sem provas e um ataque midiático que tenta encerrar o mandato conferido pelas urnas.

Alicia apresentou o relatório “Panorama Social da América Latina 2015”, e falou sobre o tema na sessão de perguntas e respostas de coletiva que é realizada no Chile e transmitida por videoconferência ao Brasil.

Segundo a secretária, há preocupação com a continuidade de certos programas sociais no país, que foi um dos mais exitosos na redução da pobreza.

Na carta, que está disponível no site da organização, Alicia aponta que acompanha com preocupação os acontecimentos políticos e judiciais que tem “convulsionado” o Brasil nas últimas semanas. “Nos alarma ver a estabilidade democrática de seu país ameaçada”, diz a carta.

Alicia lembra que a soberania popular entregou os mandados presidenciais primeiro ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e depois a Dilma Rousseff e aponta que nunca na história se viu tamanha redução da fome, pobreza e desigualdade.

A secretária diz reconhecer os esforços dos tribunais para perseguir e castigar as práticas de corrupção e que tem visto Dilma apoiando essa tarefa, com valentia e honradez e criação de nova legislação e instituições mais fortes.

Por esse motivo, diz, “nos violenta hoje, que, sem julgamento ou provas, usando de vazamentos e uma ofensiva midiática que já emitiu uma condenação, se tente demolir a sua imagem e legado, enquanto se multiplicam os empenhos para minar sua autoridade presidencial e interromper o mandato conferido pelos cidadãos nas urnas”, segue o documento.

Alicia também lembrou que a Argentina já externou sua preocupação com a situação do país, citando inclusive a possibilidade de sanções ao país no âmbito do Mercosul.

Veja a íntegra do documento:

“Com profunda preocupação que temos assistido o desenvolvimento dos acontecimentos políticos e judiciais que têm convulsionado Brasil durante as últimas semanas. Estamos alarmados para ver a estabilidade democrática do país ameaçada.

A soberania popular, a única fonte de legitimidade em uma democracia, elegeu Lula antes e depois, a presidente Dilma Rousseff, em mandato constitucional que resultou em governos comprometidos com justiça e igualdade. Nunca na história do Brasil, tantos e tantos de seus compatriotas tinham conseguido superar a fome, a pobreza e a desigualdade. Significativo é ,para nós, o marco decisivo com o qual reforçou a nova arquitetura da integração da nossa região, da CELAC UNASUL.

Sabemos que os esforços dos tribunais para perseguir e punir a cultura de práticas de corrupção que têm sido historicamente a parte mais opaca da ligação entre os interesses privados e instituições do Estado. Vimos apoiando permanentemente esta tarefa com coragem e honestidade que é a marca de sua biografia, apoiando a criação de nova legislação e exigindo mais fortes instituições de controle.

É por isso que nos violenta hoje,  que sem julgamento ou evidência, usando vazamentos e uma ofensiva de mídia que já emitiu convicção,  se tente demolir sua imagem e legado, enquanto os esforços são multiplicados por minar a autoridade presidencial e encerrar o mandato conferido aos cidadãos urnas.

Os eventos que estão sendo experimentados pelo Brasil nos dias de hoje ressoam com força além de suas fronteiras e ilustram para o conjunto da América Latina, os riscos e as dificuldades a que a nossa democracia ainda está exposta “.

 

Com informações da Cepal e das agências de notícias

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