CNBB se posiciona contra PEC 241 e reformas do governo golpista

CNBB se posiciona contra PEC 241 e reformas do governo golpista

Em nota, comissão da entidade afirma que propostas do governo golpista colocam em risco os direitos sociais do povo brasileiro, sobretudo dos empobrecidosA Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, uma instância da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), emitiu uma nota onde repudia a PEC 241 e as reformas trabalhista, da Previdência e do ensino médio, propostas pelo governo golpista de Michel Temer.

O comunicado foi publicado após uma reunião realizada em Brasília entre terça e quarta-feira (18 e 19), onde membros da Comissão e os bispos referenciais das Pastorais Sociais manifestaram preocupação com o cenário de retrocessos dos direitos sociais em curso no Brasil.

Assinado pelo bispo de Ipameri (GO) e presidente da Comissão, dom Guilherme Antônio Werlang, o texto reafirma a solidariedade com os movimentos sociais e o encorajamento para que as Pastorais Sociais manifestem-se “na defesa das conquistas sociais garantidas na Constituição Federal de 1988, na qual a CNBB tanto se empenhou no final da década de 1980”.

Confira o documento na íntegra:

Nota da Comissão Episcopal Pastoral Para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz

“Nenhuma família sem casa,

Nenhum camponês sem terra,

Nenhum trabalhador sem direitos,

Nenhuma pessoa sem dignidade”.

Papa Francisco.

Nós, Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, e bispos referenciais das Pastorais Sociais, da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil, reunidos em Brasília, nos dias 18 e 19 de outubro de 2016, manifestamos nossa preocupação com o cenário de retrocessos dos direitos sociais em curso no Brasil.

Entendemos que as propostas de reforma trabalhista e terceirização, reforma do Ensino Médio, reforma da Previdência Social e, sobretudo, a Proposta de Emenda Constitucional, PEC 241/2016, que estabelece teto nos recursos públicos para as políticas sociais, por 20 anos, colocam em risco os direitos sociais do povo brasileiro, sobretudo dos empobrecidos.

Em sintonia com a Doutrina Social da Igreja Católica, não se pode equilibrar as contas cortando os investimentos nos serviços públicos que atendem aos mais pobres de nossa nação. Não é justo que os pobres paguem essa conta, enquanto outros setores continuam lucrando com a crise.

Afirmamos nossa solidariedade com os Movimentos Sociais, principalmente de trabalhadores e trabalhadoras, e com a juventude, que manifestam seu descontentamento com as propostas do governo, bem como todas as organizações que lutam na defesa dos direitos da população.

Encorajamos as Pastorais Sociais a participarem, com os demais movimentos e organizações populares, na defesa das conquistas sociais garantidas na Constituição Federal de 1988, na qual a CNBB tanto se empenhou no final da década de 1980. Não desanimemos diante das dificuldades. Somos povo da esperança!

Com compromisso profético, denunciamos, como fez o Profeta Amós: “Eles vendem o justo por dinheiro, o indigente, por um par de sandálias; esmagam a cabeça dos fracos no pó da terra e tornam a vida dos oprimidos impossível” (Am 2,6-7).

O Espírito do Senhor nos anima no serviço da Caridade, da Justiça e da Paz. Com Maria cantamos a grandeza de Deus que “derruba os poderosos de seus tronos e exalta os humildes; enche de bens os famintos e manda embora os ricos de mãos vazias” (Lc 1, 51s).

Brasília, 19 de Outubro de 2016.

Dom Guilherme Werlang

Bispo de Ipameri – GO

Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz

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