Comissão votará admissibilidade do impeachment no dia 6 de maio

Comissão votará admissibilidade do impeachment no dia 6 de maio

Rolo compressor impôs afilhado de Aécio Neves como relator do processoA oposição tem pressa. Tanta pressa que atropelou qualquer tentativa de argumentação ou apelo pela cautela e pela racionalidade na comissão especial que analisa a admissibilidade do processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff.  Nesta terça-feira (26), o colegiado se reuniu para eleger presidente e relator. O calendário de trabalhos também foi definido. O relatório que orienta a votação dos demais senadores deve ser apresentado no dia 4 de maio, uma quarta-feira. A votação está marcada para o dia seis (sexta-feira). Se o calendário dos golpistas se confirmar, a decisão do plenário, que vai decidir sobre a admissibilidade do processo acontecerá no dia 11 (segunda-feira). 

Os senadores da base governista, que já haviam tentado impedir que o relatório fosse elaborado por um parlamentar nitidamente ligado aos defensores do golpe, voltaram a insistir na argumentação.  O indicado, Antônio Anastasia  (PSDB-MG), afilado político do candidato derrotado à Presidência da República em 2014, Aécio Neves (PSDB-MG).

De nada adiantou o senador Lindbergh Farias argumentar que a suspeita que passaria a acompanhar a comissão tendo o ex-secretário-executivo do Ministério da Justiça no período em que Miguel Reale Júnior, um dos que assinam o pedido de impeachment, ex-coordenador de campanha de Aécio. Para Lindbergh, a indicação de uma pessoa para relatar um processo com tamanho prometimento “é uma provocação”. 

As senadoras Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) voltaram a questionar formalmente a indicação de Anastasia. Elas já haviam recorrido ao plenário da Casa na sessão dessa segunda-feira, mas o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) remeteu o assunto à comissão especial. As duas parlamentares insistiram na importância da isenção do relatório. “A suspeição tem relação não com a pessoa do senador Anastasia, mas com o posicionamento político dele”, argumentou Gleisi. 

Vanessa trouxe outro argumento: o coordenador jurídico do PSDB, Flávio Henrique Costa Pereira subscreveu o requerimento da abertura do processo.  É o quarto nome no documento, que também á assinado por Hélio  Bicudo e Janaína Paschoal. De acordo com Vanessa, o PSDB seria coautor da denúncia contra Dilma o que eliminaria qualquer possibilidade de que um parlamentar do partido elaborasse um relatório isento. 

O líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), sugeriu a indicação de um nome de consenso e pediu serenidade aos integrantes da comissão.  “Se o PSDB tivesse sensibilidade, eles mesmos teriam declarado a suspeição de Anastasia”, disse. 

De nada adiantou a argumentação, que durou mais de duas horas. A oposição atropelou e aprovou a indicação de Anastasia por 16 votos a cinco. Não houve resistência quanto ao nome do presidente do colegiado, Raimundo Lira (PMDB-PB). “Começamos mal os trabalhos dessa comissão, adotando como relator um senador ligado à oposição”, lamentou Humberto Costa. “Nós, do PT, entendemos que temos a presidenta sob julgamento e não é adequado ter um relator do PSDB, que patrocina esta causa e cujo advogado é parte integrante do grupo de denunciantes”, acrescentou. 

Calendário 

Logo que foi confirmado relator, Antônio Anastasia anunciou o calendário dos trabalhos da comissão, que foi votado e aprovado apesar da polêmica. Pela proposta, nessa quarta-feira (27), o colegiado se reúne para votar requerimentos. No dia seguinte (28), serão ouvidos os autores da denúncia contra Dilma, Miguel Reale Júnior, Janaína Paschoal e Hélio Bicudo. 

Na sexta-feira (29), o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo fará a defesa da presidenta. Nos dias 2 e 3 de maio, serão ouvidos convidados da acusação e da defesa. O relatório será lido no dia 4 (segunda-feira). 

“Serão nove dias úteis e onze dias corridos. A comissão trabalhará de segunda a sexta-feira”, assegurou o presidente, Raimundo Lira. 

Giselle Chassot 

Leia mais: 

Senadores querem tratamento igual para Dilma e Temer no caso das “pedaladas” 

To top