Debate sobre ensino médio reforça atuação dos governos do PT

Debate sobre ensino médio reforça atuação dos governos do PT

Foto: DivulgaçãoCarlos Mota

16 de novembro de 2016 | 18h28

A importância dos investimentos nos Institutos Federais (IFs) nos últimos 13 anos foi reforçada nesta quarta-feira (16). O tema foi discutido no Senado, durante uma audiência promovida pela comissão mista que analisa a Medida Provisória (MP) 746/2016, que impõe uma reforma do ensino médio.

Ao todo, os governos Lula e Dilma garantiram a construção de mais de 500 campi de IFs no Brasil entre 2003 e 2016. Antes disso, apenas 140 escolas técnicas federais haviam sido construídas no País em quase 100 anos (de 1909 a 2002).

Uma das instituições viabilizadas nas gestões petistas foi o campus de Jacarezinho, inaugurado em 2010. Esse IF foi mostrado como exemplo positivo da reforma do ensino, nesta quarta, durante a audiência no Senado. De acordo com o site Ashoka Europe, o campus é uma das 200 escolas no mundo reconhecidas como ensino transformador e inovador.

A escola técnica passava pelos mesmos problemas que a maioria das instituições de ensino do Brasil, até adotar uma nova metodologia discutida e aprovada por alunos e servidores. “Se antes a escola adotava a grade curricular fixa, hoje quem define isso é o próprio estudante”, explicou o diretor geral da instituição, Rodolfo Fiorucci.

O ensino de 12 matérias tradicionais foi substituído por unidades curriculares (UCs), todas interdisciplinares. Elas continuam sendo obrigatórias, mas o aluno escolhe quando e quais UCs pretende cursar em determinado período. Até o final da formação, o aluno deve cursar 810 de cara área de conhecimento.

O diretor da escola, no entanto, disse ser contrário à priorização de determinadas disciplinas, como determina a MP 746. “Embora a gente não tenha mais uma disciplina específica [no campus do Jacarezinho], de maneira alguma nós hierarquizamos importância dentro dos campos do conhecimento. Ao contrário, todos os campos são extremamente importantes”, destacou.

Os resultados são expressivos. A escola, onde 80% dos alunos entraram pelo sistema de cotas, obteve o primeiro lugar da região no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no ano passado. “Os nossos alunos desenvolveram em quatro anos o que não se desenvolveria em 30 anos. Eles estão no mesmo patamar das escolas particulares”, comemorou Fiorucci.

Modelo

Assista comentário da senadora Fátima Bezerra sobre a MP 746 Para a senadora Fátima Bezerra (PT-RN), a reforma do ensino médio deveria ser espelhada no modelo de educação oferecido pelos Institutos Federais: com investimento forte na formação e carreira dos professores e melhoria física nas escolas, como em laboratórios e bibliotecas.

“Não é necessária uma medida provisória como essa, autoritária na sua forma e equivocada no seu conteúdo, para promover essas mudanças”, disse Fátima.

A forma como o governo atual propôs o debate – por meio de uma medida provisória, que implementa de forma imediata novas regras para o ensino médio – foi rejeitada por unanimidade, na segunda-feira (14), por participantes de uma audiência sobre o tema na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte.

Fátima Bezerra acredita que ainda é tempo da gestão Temer ter um “mínimo de sensatez” e retomar o debate sobre o tema por meio de um projeto de lei. “O caminho que o governo federal escolheu não está colaborando para a busca de consensos, basta ver a mobilização estudantil que está firme em todo o País”, afirmou a senadora.

A comissão mista que analisa a MP 746 tem promovido uma série de audiências para discutir a matéria. O relator da proposta, senador Pedro Chaves (PSC-MS), afirmou recentemente que deve promover mudanças no texto.

 

Leia mais:

Reforma deveria estar em sintonia com plano de educação, diz Fátima

MP do ensino médio esconde interesses bilionários

MP do ensino médio pode ser alterada, afirma relator da matéria

 

 

To top