“Depoimento de Monteiro foi um divisor de águas na CPMI”

Os parlamentares que integram a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga o esquema Cachoeira avaliaram que o depoimento de Cláudio Monteiro – ex-chefe de gabinete do governador Agnelo – funcionou como um “divisor de águas” para os trabalhos da Comissão. A definição,do senador Jorge Viana (PT-AC), teve o aval do presidente da CPMI, deputado Vital do Rêgo (PMDB-PB).

Monteiro, mesmo portando um habeas corpus que lhe permitia permanecer em silêncio, respondeu a todas as perguntas dos parlamentares e convenceu até mesmo parlamentares oposicionistas de que não há nada que o desabone ou que o vincule à quadrilha do contraventor.

“O depoimento de Cláudio Monteiro reforça a tese de que precisamos enfrentar o crime organizado, mas sem expor indevidamente a vida e a dignidade das pessoas e sem cometer injustiças”,advertiu Viana, durante o depoimento do ex-chefe de gabinete do governador do Distrito Federal, nesta quinta-feira (28/06), à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga a quadrilha de Carlinhos Cachoeira.

Viana destacou que os governos petistas também precisaram agir com firmeza para combater quadrilhas que atuavam no Acre. “Tentamos não cometer injustiças, mas no nosso país, infelizmente essa não tem sido a regra”, disse o senador. Ele lembrou que o esquema de Cachoeira tinha “tentáculos” até mesmo dentro do Congresso. “O esquema, organizado por mais de 10 anos, precisa ser desmontado, mas sem que se cometam injustiças”, alertou.

Jorge Viana ressaltou ainda que a decisão de Monteiro foi diametralmente oposta à adotada pela também ex-chefe de gabinete do tucano Marconi Perillo (PSDB-GO) que, chamada a depor por duas vezes, recusou-se a prestar esclarecimentos e usou a Justiça para se proteger. “Onde estava, no caso dela, a indignação de quem está sofrendo uma injustiça, como o senhor demonstrou?”, questionou, referindo-se ao depoente desta quinta-feira.

O senador elogiou a postura do governador do Distrito Federal, que, no dia de seu depoimento, abriu seus sigilos para que a CPMI investigasse como quisesse. “Perillo, no dia anterior, negou-se a fazê-lo e só admitiu o acesso quando Agnelo já o tinha feito”, comentou.

O deputado Paulo Tadeu (PT-DF), que está licenciado do cargo de secretário do governo do Distrito Federal, também destacou a postura de Monteiro e fez uma longa exposição sobre como foi necessário que o atual governo se mantivesse firme contra a corrupção que se embrenhara nas estruturas de poder. “Assumimos no Distrito Federal depois de um verdadeiro colapso e posso reafirmar que o senhor jamais procurou a Secretaria de Governo para pedir qualquer coisa relativa à Delta ou de tentar facilitar alguma nomeação que beneficiasse a empresa”, recordou Tadeu.

Surpreendido

Monteiro afirmou que foi surpreendido com as denúncias sobre o envolvimento com Cachoeira de João Carlos Feitoza, ex-subsecretário de Esportes do Distrito Federal e Marcello de Oliveira Lopes, ex-assessor da Casa Militar para cargos no governo, ambos convocados para prestar depoimento nesta quinta-feira na CPI. Monteiro disse ter sido ele o autor das indicações dois.

Segundo a Polícia Federal, Marcello Lopes, o “Marcelão”, teria envolvimento na tentativa de conseguir a nomeação de um aliado de Cachoeira no Serviço de Limpeza Urbana (SLU) da capital. Monteiro disse ser amigo de longa data de “Marcelão” e informou que ele atuava em sua segurança pessoal. Ele também admitiu ser amigo de João Carlos Feitoza, conhecido como Zunga, suspeito de receber dinheiro do grupo de Cachoeira e também de ser uma espécie de contato entre o governador Agnelo e o contraventor.

Giselle Chassot com informações da Agência Senado

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