Marcello Antunes
17 de janeiro de 2017/ 11h10
A PM de Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, prendeu nesta manhã Guilherme Boulos, do MTST, que negociava um desfecho favorável para mais de 3 mil pessoas que ocupam um terreno particular no bairro de São Mateus, zona leste de São Paulo. De maneira brutal, da mesma forma que atuou em 2012 na desocupação de Pinheirinho, a tropa de choque partiu para a violência e não poupou idosos, crianças e mulheres quando decidiu seguir as orientações do governador. Boulos, que negociava com as autoridades, foi preso acusado de desobediência civil.
A violência de hoje da PM paulista é só mais uma demonstração de como se pretende criminalizar os movimentos sociais. Os três mil moradores aguardam decisão do Ministério Público para continuar residindo num terreno particular que denuncia a ausência do estado. Agora, atendendo à pressão do poder econômico, o governo paulista decidiu fazer a reintegração de posse.
“Não aceitaremos calados que, além de massacrarem o povo da ocupação Colonial, jogando-os nas ruas, ainda querem prender quem tentou o tempo todo e de forma pacífica ajuda-los”, diz o manifesto postado no facebook, a respeito da prisão de Boulos. Em 2012, após acompanhar a ação virulenta da PM paulista na desocupação de Pinheirinho, o hoje vereador Eduardo Suplicy (PT-SP) denunciou que na ação policial não houve só violência física, mas também a ocorrência de abusos sexuais.
Em seu site, a legítima presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, afirmou que a prisão de Boulos fere a democracia e a atitude do Estado criminaliza a defesa dos direitos sociais. “A prisão do líder do MTST, Guilherme Boulos, é inaceitável”, disse Dilma. De acordo com ela, os movimentos sociais devem ter garantidos a liberdade e os direitos sociais, claramente expressos na Constituição Cidadã, especialmente o direito à livre manifestação. “Prender Boulos, quando defendia um desfecho favorável às famílias da Vila Colonial em São Paulo, evidencia um forte retrocesso. Mostra a opção por um caminho que fere nossa democracia e criminaliza a defesa dos direitos sociais do nosso povo”, destacou.
Áudio de Natália Szermeta, do MTST, explicando o que aconteceu nesta manhã, durante a prisão de Guilherme Boulos e a reintegração de posse violenta na zona leste de São Paulo.
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