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O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) subiu à tribuna do plenário do Senado, nesta terça-feira (10), para prestar homenagem ao companheiro de legenda, Luiz Gushiken, um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores. Suplicy relatou ter visitado o ex-secretário de Comunicação Social do governo Lula, que está internado com câncer em estado avançado.
“Quero aqui falar da trajetória de um Samurai, não apenas meu amigo, mas de tantas pessoas, gente que se fez na luta pela restauração das liberdades no Brasil. Fui ao encontro de Luiz Gushiken no Hospital Sírio Libanês e testemunhei o que o poder de uma coragem indomável e de uma fé inquebrantável é capaz de fazer”, disse Suplicy relatando o estado de espírito de Gushiken.
“Vi Luiz Gushiken travando mais uma longa batalha pela vida. E com aquele mesmo espírito sereno, desarmado, ou melhor, armado como sempre de seus nobres predicados éticos, morais, espirituais. Senti que aqueles preciosos momentos não deveriam ficar trancafiados apenas no quadro de minha memória. Senti que deveria compartilhar”, disse o senador com a voz embargada.
O senador recapitulou a trajetória de Gushiken, líder sindical bancário, filho de imigrantes japoneses, fundador e dirigente, por muitos anos, do Partido dos Trabalhadores, além de um dos criadores da Central Única dos Trabalhadores. “Antes de ser engrandecido pelos cargos que ocupou, ele engrandece o tempo em que vive”, afirmou Suplicy.
Deputado Constituinte, coordenador da campanha presidencial de Lula em 1989, Gushiken assumiu o posto de ministro-chefe da Secretaria de Comunicação do governo Lula, em 2003. Em 2005, durante as denúncias da crise do chamado “mensalão”, é acusado pela mídia de participar do suposto esquema. Teve seu nome retirado do processo pelo relator, ministro Joaquim Barbosa, que considerou que não havia indícios contra ele.
“A mídia passa a acusá-lo semanalmente durante os seguintes sete anos e veículos de imprensa sempre referem-se a ele como ‘condenado”, lembrou Suplicy. “É um tempo de tristeza, amargura e muita dor. Seu nome é objeto de difamação reles, de calúnias baixas, nem sua esposa e seus três filhos são poupados. Injustamente, Gushiken paga todo o preço. À vista. E à custa de sua saúde e à convivência com sua esposa Beth e seus filhos Guilherme, Artur e Helena. E pagou o preço integral, porque tinha a seu favor nada menos que a verdade. Sem mais, nem menos. A verdade”, afirmou o senador.
Muito emocionado, em tom de despedida do velho companheiro, Suplicy encerrou citando os versos de Bertold Brecht que, para o senador, “resumem a trajetória do Samurai”:
“Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis.”
Veja trecho da fala de Eduardo Suplicy
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