Viana: “A OAB, que deveria ter um único partido, a Constituição, toma uma decisão vergonhosa, vexatória, parecida com a que adotou em 1964, ao se somar àqueles que querem derrubar um governo que foi eleito pelo povo”Ganhem as eleições e governem, mas ganhem as eleições. Com essas palavras, o primeiro vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), conclamou a oposição a se preparar e disputar as eleições e não querer assumir o controle do País por meio escusos, de um golpe. A sociedade brasileira deve refletir sobre esse momento delicado e triste da história, onde sucessivos atropelos à Constituição e às leis são praticados a cada dia, principalmente por juízes.
Um deles foi o de Brasília, Itagiba Catta Preta, que em 28 segundos despachou contra a nomeação de Lula como ministro da Casa Civil. “A Justiça do meu País, a Justiça do nosso Brasil não despacha antes de receber o processado, não funciona aos domingos, nas passeatas ou nos protestos, e, na segunda-feira, manifesta-se nos autos, não. É uma vergonha a posição desse juiz”, disse Jorge Viana ao fazer um apelo para que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) se manifeste, não tome uma atitude. “Aquele senhor é tudo, é um cidadão brasileiro, sim, ele só não é juiz, ele só não é alguém que respeita a Constituição”, afirmou.
Para Viana, são manifestações como a que o juiz Itagiba colocou nas mídias sociais, de que a queda de Dilma faria o dólar cair e facilitaria suas viagens a Miami, que colocam uns contra os outros, semeando o ódio e a intolerância entre brasileiros. “As manifestações de sexta-feira (18) contra o golpe tinham centenas de milhares de pessoas que estão descontentes com o governo Dilma, com a crise, algumas descontentes com políticas do PT, mas são pessoas que não aceitam que o autoritarismo volte a campear neste País”, observou.
Mais uma vez, Jorge Viana disse que se sente renovado quando lembra as palavras do ministro Marco Aurélio, do STF, ou de Teori Zavascki, de que não deve haver, como regra, o protagonismo do Judiciário. O Poder Judiciário, segundo palavras dos ministros, deve exercer o papel de guardião da Constituição Federal. “O ministro Marco Aurélio fala de ilegalidades praticadas por alguns que deveriam resguardá-la, cuidar e garantir a Constituição e as leis. É o ministro que fala, não sou eu”, disse.
A situação está de maneira tão crítica que o senador ficou perplexo com a decisão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) apoiar o impeachment da presidenta Dilma. “Lamentavelmente, a OAB deveria ter como partido a Constituição, mas toma uma decisão vergonhosa, vexatória, parecida com a que adotou em 1964, fechando, tampando os olhos para a Constituição e se somando àqueles que querem, a qualquer custo, derrubar o governo que foi eleito pelo povo”, desabafou.
Na construção desse golpe, parte da mídia cumpre seu papel, como é o caso da Rede Globo. De tanto pregar o ódio, de tanto fazer coro com o ódio, agora está sendo odiada. Jorge Viana citou, por exemplo, o tiro que saiu pela culatra porque um jornal dessa televisão entrevistou um dos responsáveis pela Operação Mãos Limpas, da Itália, mas o entrevistado acabou estragando a “narrativa” da tevê. “Ele disse que prefere alguém que deve à justiça solto do que um inocente preso. A banalização neste País em nome de qualquer coisa é um ato criminoso. Estão fazendo um golpe”, alertou.
Jorge Viana concedeu aparte à senadora Fátima Bezerra (PT-RN) que disse não concordar e não aceitar qualquer ato que rasgue a Constituição e o estado de direito. “Estou cada vez mais esperançosa de que a esperança vai vencer essa injustiça, e que o Brasil não passará pela vergonha de rasgar a Constituição e deslegitimar a soberania popular”, disse ela.
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