Extinção da CPMF foi um dos grandes equívocos do País

Para senador, contribuição para a saúde, que deixou de ser cobrada em 2008, deveria ter sido aperfeiçoadaAo destacar o legado deixado pelo cardiologista Adib Jatene, que faleceu na semana passada, o senador Jorge Viana (PT-AC) lembrou que o especialista foi o criador da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Segundo o senador petista, a extinção do tributo foi um dos grandes equívocos do País.

Criada em 1997 em substituição ao Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira, os recursos obtidos com a CPMF eram destinados ao sistema de saúde público brasileiro. “Lamentavelmente, os embates ideológicos da economia, onde alguns que defendem uma política mais neoliberal e acham que o mercado resolve tudo disseram: ‘Olha não pode haver uma contribuição financeira onde todos contribuem para a saúde’”, disse Viana, durante discurso em plenário nesta quarta-feira (19). Em dezembro de 2007, o Senado Federal não prorrogou a continuidade da contribuição.

O petista ressaltou que o PSDB, à época da criação da CPMF, era contra o tributo. “Depois, o presidente Fernando Henrique Cardoso concordou, e, assim, surgiu um mecanismo que poderia, nos dias de hoje, estar colocando mais de R$100 bilhões para financiar a saúde”, lembrou o parlamentar.

Viana disse ainda que Adib Jatene, ex-ministro da Saúde do governo de FHC, deixou o governo tucano por atritos com a equipe econômica. Segundo o senador, Jatene lutava por recursos para estados e municípios com o intuito de “salvar vidas”.

Adib Jatene argumentava que o problema no sistema de saúde brasileiro não era apenas devido à má gestão. O senador petista aproveitou para lembrar que falta financiamento ao Sistema Único de Saúde (SUS), além de uma boa condução administrativa. “No mais, o SUS é uma referência”, colocou o parlamentar.

Durante o pronunciamento, Viana ressaltou que o ex-ministro Jatene era um defensor da humanização do atendimento médico. Questionado durante entrevista sobre a proposta de mudança no currículo do curso de medicina, Jatene respondeu que é preciso transformar o médico em um especialista de gente.

“Quanto mais especialização, mais caro fica o serviço e mais distante fica das pessoas, mais impessoal. E o Dr. Adib Jatene defendia uma medicina pessoal, conhecer o corpo, conhecer a história do paciente, envolver-se e buscar, ali, entender a causa de um problema de saúde por que a pessoa passa”, disse Viana.

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