Percentual cai quase pela metade em relação aos patamares de 1990. Destaque para o Brasil, que já superou a meta do milênio. FAO chama atenção para políticas sociais.
Programas de transferência de renda, como |
Em 23 anos, o número de famintos na América Latina e no Caribe caiu pela metade. Esse bom resultado se deve, basicamente, à implementação de políticas públicas bem-sucedidas na Região. Programas de transferência de renda, como o Bolsa Família brasileiro e ações voltadas à agricultura familiar e ao trabalho decente lideram a relação de causa e efeito que culminaram na redução da fome e da desnutrição crônica infantil nesses países.
Os dados são parte do Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional 2013, principal publicação regional da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), lançado nesta terça-feira (3), em Santiago, no Chile (Chile). Os dados revelam que o percentual de pessoas com fome caiu de 14,7% em 1990-1991 para 7,9% em 2011-2013. O órgão estima que, atualmente, a fome afeta 47 milhões de pessoas na região, 3 milhões a menos que no triênio 2008-2010.
Em outubro, a FAO já havia divulgado um relatório com resultados positivos para o Brasil – o número de cidadãos famintos caiu de 22,8 milhões para 13,6 milhões, entre 1992 e 2013. Com isso, o Brasil já alcançou as chamadas Metas do Milênio, superando, em 54%, seu objetivo. Em 1990, 15% da população brasileira passavam fome. Hoje, o número é de 6,9%.
O texto ressalta que faltando dois anos para terminar o prazo fixado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o cumprimento dos Objetivos do Milênio, 16 dos 38 países da região – entre eles o Brasil – alcançaram a meta de reduzir pela metade a proporção de pessoas com fome, considerando o período entre 1990 e 2015. O compromisso foi assinado por 189 países em 2000. Os resultados alcançados, de acordo com a FAO, configuram bons motivos para que os países tenham esperança de verem erradicadas a fome e a desnutrição.
Além do Brasil, também conquistaram esse patamar a Argentina, o Chile, a Guiana, Honduras, o México, a Nicarágua, o Panamá, o Peru, Uruguai, a Venezuela entre outros países.
Segundo o documento, o bloco formado por América Latina e Caribe foi o que conseguiu os avanços mais expressivos na redução da fome no mundo nas últimas duas décadas, ao combinar crescimento econômico, compromisso político e ação pública que atenda às urgências sociais. Ao todo, 842 milhões de pessoas são vítimas da fome em todo o mundo no triênio 2011-2013, menos que as 878 milhões estimadas para o triênio anterior (2008-2010).
Segundo o relatório, entre os países com mais casos de subnutrição estão o Haiti (49,8%), a Guatemala (30,5%) e o Paraguai (22,3%). Em relação ao combate à desnutrição crônica infantil (baixa estatura em crianças até 5 anos), houve avanços, uma vez que o indicador regional passou de 13,8 milhões, em 1990, para aproximadamente 6,9 milhões de crianças, em 2012, o que equivale a 12,8% do total de crianças da América Latina e Caribe. Por sub-regiões, a América Central é a que tem os maiores índices de crianças com desnutrição crônica (18,6%), seguida da América do Sul (11,5%) e do Caribe (6,7%). A Guatemala é o país com mais registros de desnutrição crônica infantil na região, com 48%, seguido do Haiti e Honduras, ambos com 30%. Por outro lado, Chile e Jamaica são os países que apresentaram menos casos, com 2% e 5% respectivamente.
Apesar dos casos de desnutrição na América Latina e no Caribe, o documento destaca que o bloco contribui de modo significativo para a segurança alimentar no mundo, produzindo mais alimentos do que o necessário para o consumo da população, tanto em termos de produção quanto de disponibilidade de energia alimentar, evidenciando que a fome na região está mais relacionada ao acesso aos alimentos das camadas mais vulneráveis da população.
O texto também enfatiza que, no período compreendido neste panorama, a região alcançou uma relativa estabilidade dos preços dos alimentos durante 2012, mas ressalta que no primeiro semestre de 2013 foram registradas maiores flutuações. “Os preços dos alimentos, junto com os rendimentos familiares, são fatores fundamentais para as possibilidades de acesso da população vulnerável aos requisitos mínimos de uma dieta saudável”, destaca.
Por outro lado, a ocorrência de sobrepeso e de obesidade avança como uma “pandemia”, ao afetar 23% dos adultos e aproximadamente 7% das crianças em idade pré-escolar. De acordo com o documento, 3,8 milhões de crianças menores de cinco anos sofrem de obesidade na região. “Um grave problema de saúde pública, se considerada a estreita relação com as doenças crônicas não transmissíveis, tais como as cardiovasculares, o diabetes, câncer e as respiratórias crônicas, que são responsáveis por 63% da mortalidade global”, diz o comunicado. Os países mais afetados pela obesidade em adultos na região estão no Caribe. O sobrepeso infantil cresceu em 13 países, principalmente na Argentina (9,9%), no Peru (9,8%) e no Chile (9,5%).
Com informações da Agência Brasil
Leia mais:
Bolsa Família recebe prêmio internacional por desempenho extraordinário
Bolsa Família: pesquisadores refletem sobre avanços e desafios
No combate à fome, Brasil supera as Metas do Milênio, diz FAO