Artigo de Gleisi comenta a catástrofe ambiental de Mariana e o ataque a Paris

Artigo de Gleisi comenta a catástrofe ambiental de Mariana e o ataque a Paris

Em artigo semanal, senadora comenta as catástrofes humanitárias motivadas por conflitos na África e no Oriente MédioAs tragédias de cada dia, as dores de todos nós

Por Gleisi Hoffmann 

Momentos difíceis mostram o nível de evolução da humanidade. A empatia, possibilidade de nos colocarmos no lugar do outro, é o que nos faz sentir dor, repulsa, indignação pelas injustiças, covardias e tragédias. Recentemente nos afetaram o acidente irresponsável de Mariana, Minas Gerais, e os atentados em Paris. 

Mariana chocou o Brasil. Como pode uma empresa nacional que aufere lucros tão altos pela exploração de minérios, tratar com tanto desdém a vida da população e a segurança do Meio Ambiente?! Ter um mar de lama varrendo vidas e comprometendo o futuro?!

O terrorismo em Paris chocou o mundo. Por que pessoas inocentes têm de morrer pela luta insana de ideias, crenças e territórios?! 

Também foi impactante a foto do garoto sírio morto numa praia da Europa, e a migração de refugiados da guerra na Síria que tentam salvar suas vidas, arriscando tudo para chegar a um lugar de paz. Também causa repulsa a falta de solidariedade de países, que por medo, limitações ou xenofobia, repelem a entrada de seres humanos em seu território. 

A guerra na Ucrânia, no Líbano, os conflitos na África, igualmente nos atingem. Assim como as chacinas e violência em nosso país. Toda empatia tem seu grau regulado pela proximidade do acontecimento, do grupo ou população envolvida, pelas responsabilidades elencadas e intensidade de divulgação nas mídias. De qualquer forma todas, em maior ou menor grau, causam-nos dor. 

Não tenho dúvidas de que os momentos de tragédias que vivemos também são consequências da passividade que temos com o preconceito, indiferença, intolerância, vontade de vingança. Se somos condescendentes com as pequenas injustiças e transgressões, estamos contribuindo para que as grandes aconteçam. Nenhuma violência se justifica. Ela é, e sempre será, uma demonstração de fracasso. 

O que mais me amedronta é que ações pós-tragédias, principalmente as terroristas  como a de Paris, costumam recair sobre o lado mais fraco de partes envolvidas. 

Os noticiários já dão conta da maior ênfase dos dirigentes europeus em propostas radicais para combater o terrorismo, o que certamente aumentará a xenofobia, e vai agravar a situação da população que procura abrigo em território europeu. 

Que tudo isso, além de nos indignar e causar dor à maioria das pessoas, faça com que vivamos em nosso cotidiano o ensinamento de Gandhi – devemos ser a mudança que queremos ver no mundo! 

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