Desde a última quarta-feira (16), o Jornal Nacional, da Rede Globo, tem massacrado seu público com a repetição exaustiva de trechos do grampo telefônico de grampos telefônicos aplicados no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sob autorização do juiz Sérgio Moro.
A emissora não conseguiu exibir uma ilegalidade sequer até agora, apesar do empenho do fornecedor, o mesmo Sérgio Moro, que mandou para a rede de tevê os áudios das gravações que deveriam ser enviadas ao Supremo Tribunal Federal (STF) – ou simplesmente destruídas, por nada terem a ver com a investigação.
Mas, ao perceber que a soma de todos os áudios, afora os palavrões do ex-presidente Lula por sentir-se alvo de injustiça, comprovava que não havia ato ilegal, a emissora perdeu a compostura – e simplesmente passou a atacar Lula, negando-se a escutar o outro lado de suas acusações para, em seu lugar, acrescentar falta de lógica e sensacionalismo e – mais grave -,manipular a verdade, editando trechos fundamentais do que Lula disse.
O apresentador William Bonner terminou a edição de quinta-feira (17) defendendo a Rede Globo dos protestos que vêm sofrendo no país todo: “a imprensa não produz grampos”.
É verdade.
Mas, a imprensa da Globo esconde e manipula quando não gosta da informação, voltando a fazer hoje, em 2016, o que fez em 1989 e tantas outras vezes quando este país era governado por ditaduras.
Na mesma quinta-feira, dia 17, a Globo reproduziu o seguinte trecho de uma conversa entre Lula e o cientista político Alberto Carlos Almeida, autor de “A cabeça do brasileiro”.
Acompanhe a manipulação acompanhando a degravação:
Segundo a Globo:
Alberto Carlos: Eu acho, tá, tem uma coisa que tá na mão de vocês, é ministério, acabou. Agora, você tem uma coisa na tua mão. Você, o PT, a Dilma… Vai ter porrada? Vão criticar? E daí? Numa boa, você resolve outro problema, que é o problema da governabilidade. Você e Dilma, um depende do outro. Pô, tá esperando o quê? Que arranjo vocês estão esperando?
Lula: Não, não tô esperando nenhum arranjo não. Pra mim é muito difícil essa hipótese. Na verdade, ela já ofereceu, sabe? Mas eu vou ter uma conversa hoje, que, depois eu te ligo.
O resto da conversa que a Globo cortou:
O trecho que a Globo tirou do áudio para distorcer a informação:
Lula: Deixa eu te falar uma coisa. Eu até acho que ele deve fazer para ver o que acontece. Porque eu quero… eu tou vivendo uma situação de anormalidade. Ou seja, esses caras podem investigar minha conta na casa do caralho que eles não vão encontrar um centavo. Esses caras sabem que eu não tenho apartamento, esses caras sabem que eu não tenho a chácara. Esses caras sabem que não só eu fiz muita palestra como eu fui o mais bem pago conferencista do começo do século 21. Só eu e o Clinton, e não sei se o Stiglitz depois. Agora, se o cidadão começa a levantar suspeita de tudo isso… eu quero ver como é que eles vão provar que eu tenho uma chácara, que eu tenho um apartamento. Porque alguém vai ter que pagar pra mim ter, eu não posso ter sem pagar, entendeu?
“O que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde”
Revivendo uma prática histórica da emissora, o Jornal Nacional tem se esforçado muito para esconder diversos trechos dos grampos telefônicos. Você não vai ver, por exemplo, este trecho da conversa entre Lula e o governador do Piauí, Wellington Dias, do PT:
Lula: Deixa eu te falar. Eu vou ter uma conversa com ela porque não é fácil. Não é uma tarefa fácil. Eu jamais irei pro governo pra me proteger.
Wellignton Dias: Não, eu sei. Mas não é pra isso. Isso que você está fazendo é uma coisa excepcional, é fantástico o que você está fazendo. Acho que dá resultado, se caminhar nas duas direções. Isso que você está fazendo junto àquelas medidas da economia que a gente está tratando. Estou aqui pra falar com ela disso.
Nada a esconder
Sem nada a esconder, o Instituto Lula oferece os links dos áudios na íntegra para que todos possam ouvir o verdadeiro conteúdo das conversas:
Eu jamais irei pro governo pra me proteger”, diz Lula em conversa com governador do Piauí
Podem investigar minha conta na casa do caralho que eles não vão encontrar um centavo”