Uma entre cada quatro ligações feitas para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em grandes cidades, como Brasília, são trotes. Pior: são brincadeiras de crianças, que acham divertido aplicar “pegadinhas” aos atendentes do outro lado da linha. O que essas crianças sequer imaginam é que elas podem estar colocando em risco a vida de pessoas que de fato precisam do serviço e que a brincadeira, irresponsável pode evitar que um paciente de emergência seja, de fato, socorrido.
O problema não é novo e é um desafio diário para o Ministério da Saúde, que faz a gestão do serviço desde a gestão do ex-ministro e atual senador petista Humberto Costa (PT-PE), que criou o a Política Nacional de Urgências e Emergências para ajudar a organizar o atendimento na rede pública prestando socorro à população em casos de emergência.
Para tentar reduzir a incidência dos trotes, o Samu promove mais uma campanha de conscientização sobre o que representa um atendente perder tempo com uma brincadeira que parece inocente, mas que pode ser fatal para quem está no limite entre a vida e a morte.
O projeto está sendo realizado em escolas de todo o Brasil, com o objetivo esclarecer e criar um vínculo positivo entre o serviço e o público jovem. Segundo os técnicos do ministério, as falsas chamadas ocupam as linhas telefônicas sem necessidade, causando atrasos no serviço e fazendo com que um atendimento prioritário deixe de ser feito com a devida rapidez, podendo levar à morte do paciente.
Em algumas localidades, como em Salvador, na Bahia, existe um programa chamado funciona o “Samuzinho”, que tem o objetivo de levar conhecimento sobre o Samu para as escolas. O projeto promove treinamento continuo de alunos pré-adolescentes e adolescentes de escolas municipais sobre manobras de reanimação cardiopulmonar, e sensibilização quanto à importância de não passar trote. O treinamento é realizado por diferentes equipes de profissionais do SAMU 192, com formação em suporte básico de vida certificada pela American Heart Association (AHA). As atividades desenvolvidas são palestra sobre reanimação cardiopulmonar, vídeo de suporte básico de vida para leigos e treinamento de compressão torácica em bonecos infláveis.
Na palestra, também são difundidas informações sobre o funcionamento do SAMU 192 e sobre as conseqüências negativas que os trotes trazem para a assistência a saúde prestada pelo serviço. A opção do SAMU Salvador no sentido de coibir os trotes foi conscientizar os adolescentes através de treinamento, e assim convidá-los a assumirem um papel de parceiros do serviço. Como resultado do SAMU nas Escolas, está sendo verificado que a maioria dos alunos divide os conhecimentos adquiridos no treinamento e que o número de trotes tem diminuído desde o início do programa.
Os técnicos lembram que, ao discar o número 192, o cidadão está ligando para uma central de regulação que conta com profissionais de saúde e médicos treinados para dar orientações de primeiros socorros por telefone. São estes profissionais que definem o tipo de atendimento, a ambulância e a equipe adequados a cada caso. Há situações em que basta uma orientação por telefone para salvar uma vida, lembra o ministério.
As equipes prestam atendimento no menor tempo possível, já no local de ocorrência do problema, ainda fora do ambiente hospitalar, para salvar vidas e reduzir o risco de sequelas. O programa oferece o direcionamento para o serviço mais próximo e adequado, assim a equipe que está na ambulância ganha tempo (diminui a relação tempo/resposta), o que é crucial em emergências. É justamente essa agilidade que se perde quando o serviço fica carregado com falsas chamadas e trotes.
Giselle Chassot, com informações do Portal Saúde e do Portal Planalto
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