Paulo Rocha: oposição, derrotada nas urnas, pretende prosseguir na disputa eleitoral por outros meiosA disputa pelo poder à margem da democracia é que está levando o País à turbulência política das últimas semanas. “O que está em jogo é isso”, alerta o líder do PT, senador Paulo Rocha (PT-PA), lamentando que a oposição, derrotada nas urnas, pretenda prosseguir na disputa eleitoral por outros meios.
Respondendo a ataques da oposição, no plenário do Senado, na manhã desta quinta-feira, Paulo Rocha foi duro. “Lula não é bandido. Não é salafrário. Lula é uma liderança política democrática, construída na luta, nas ruas. Que adquiriu respeito na democracia, enfrentando, inclusive a ditadura militar — preso pela ditadura militar. Agora, querem prendê-lo, na vigência da democracia”.
O senador criticou o acirramento insuflado pelos derrotados de 2014, que tentam levar o embate político para o Judiciário, Ministério Público e outros órgãos de Estado. “Vemos a politização dos julgamentos, a espetacularização, a transformação de juízes em salvadores da pátria, em grandes imperadores”. Ele alerta para o risco desse atalho, que, na prática, é “o falecimento da política” e tem como consequência o enfraquecimento dos partidos e das instituições, que, neste momento, deveriam apontar uma saída para a crise.
Dirigindo-se diretamente ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidato derrotado em 2014—e a quem costuma chamar de companheiro, “porque passamos muita coisa juntos lá na Câmara, na vigência da democracia” —, Paulo Rocha lamentou não poder chamar o tucano de companheiro nesta hora, já que foi ele quem liderou o processo de polarização.
“O PT é um partido democrático, construído na luta. Eu sou um operário. Eu tenho a dignidade de um operário. Não sou criminoso. Não faço parte de organização criminosa. Olhem nossos companheiros mais simples, que nem têm ‘cara de senador”, desabafou o líder petista.
Ao contrário de Aécio e outros tucanos, que demonizam os adversários políticos, Rocha ressalvou que, embora o PSDB tenha integrantes com problemas, respondendo na justiça, ele não considera o PSDB uma organização criminosa. Destacou, porém, que não é possível um tratamento tão diferenciado às denúncias. “Quando as denúncias são contra vocês [da oposição] elas são descartadas como falsas, são ‘uma coisa política’. Quando tratam do PT ou do governo, aí é verdade. Não dá para fazer o debate assim”.
O líder do PT, porém, fez questão de chamar os oposicionistas a uma reflexão mais profunda e que mire um horizonte mais amplo que a mera tentativa de chegar ao governo por atalhos. Elogiou os apelos de Aécio por um “debate político” que contribua para o distensionamento do clima. “Mas depois de acirrado?”, ponderou.
Cyntia Campos
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